Natal chinês tem decoração brilhante e preocupações com influência estrangeira


Natal chinês tem decoração brilhante e preocupações com influência estrangeira

Árvores de Natal gigantes, enfeitadas com luzes, adornos e caixas de presentes recebiam os compradores em shoppings de grandes cidades chinesas como Xangai e Chongqing, mas, em muitas partes da China, estender as felicitações dessa época do ano está fora de questão.

Na província de Yunnan, no sudoeste do país, uma empresa de gestão de propriedades emitiu uma notificação aos inquilinos de um shopping para que não vendessem cartões e presentes de Natal, e que até evitassem colocar decorações, dizendo que tradições estrangeiras não deveriam ser seguidas “cegamente” e que as pessoas deveriam confiar em sua própria cultura.

Escolas de algumas cidades de Dongguan, no sul, a Harbin, no nordeste, pediram que estudantes e parentes não seguissem tradições e culturas estrangeiras acriticamente.

Na província de Gansu, no noroeste chinês, uma filial da Liga da Juventude Comunista informou a seus membros que eles deveriam celebrar “A Batalha do Lago Changjin”, um filme chinês de 2021 que mostra a luta entre o Exército Voluntário chinês e forças dos EUA durante a Guerra da Coreia.

A China não proíbe o cristianismo ou o culto cristão, mas, como todas as religiões permitidas, ele deve ser gerenciado de perto pelo governo, para evitar “influências externas”.

A China gosta, contudo, de exportar sua própria cultura, como as tradições do Festival de Primavera e o Ano Novo Lunar, em seus esforços para projetar seu “soft power”.

O Natal não é um feriado público na China continental, onde o budismo e o taoísmo são as maiores religiões, com o culto ancestral sendo também uma prática comum. O Partido Comunista é oficialmente ateu.

Wang Huning, quarto membro mais influente do Politburo chinês, liderado pelo presidente Xi Jinping, disse a grupos cristãos, na semana passada, que “aderissem à sinicização do cristianismo”.

“(Nós precisamos) interpretar as doutrinas e regras em linha com as exigências do desenvolvimento e progresso contemporâneos da China, dos valores centrais do socialismo e das excelentes tradições e cultura chinesas”, disse Wang, de acordo com relato da agência de notícias oficial Xinhua, no sábado.

Ao longo dos anos, o Vaticano também tem tido conflitos com a China, que nomeia unilateralmente os bispos de um país que tem cerca de 12 milhões de católicos.

Em 2018, Langfang, uma cidade da província de Hebei, ao sul de Pequim, proibiu totalmente as exibições públicas de Natal, e a venda de itens relacionados ao feriado, para “manter a estabilidade social”.

Ao mesmo tempo, a China está pronta para exportar sua cultura e ideias ao mundo. O Festival de Primavera é sobre alegria, harmonia e paz, disse nesta segunda-feira um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

“Gostaríamos de celebrar o Festival da Primavera com todo o mundo”, disse o porta-voz.

(Reportagem de Ryan Woo; reportagem adicional de Andrew Hayley em Beijing)

Fonte: Reuters

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