Ibovespa fecha em queda antes de semana com decisões de BCs no Brasil e nos EUA


Ibovespa fecha em queda antes de semana com decisões de BCs no Brasil e nos EUA

O Ibovespa fechou em baixa nesta sexta-feira, com agentes financeiros adotando cautela antes de reuniões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos na próxima semana, enquanto Yduqs e Lojas Renner figuraram entre as maiores quedas após a divulgação de resultados.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,74 %, a 126.741,81 pontos, acumulando um declínio de 0,26% na semana. Na máxima do dia, chegou a 127.957,49 pontos. Na mínima, a 126.501,85 pontos.

O volume financeiro somou 34,7 bilhões de reais, em pregão também marcado pelo vencimento de opções sobre ações na bolsa paulista.

As atenções estão voltadas principalmente para a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve, que terá desfecho conhecido na quarta-feira. Além do comunicado, o foco estará voltado para as projeções do banco central norte-americano, em especial sobre os juros.

O chair do Fed, Jerome Powell, também ocupará os holofotes em sua tradicional coletiva de imprensa após a divulgação do “statement”, uma vez que permanece a dúvida sobre quando terá início o ciclo de cortes de juros na maior economia do mundo. A taxa tem sido mantida em uma faixa de 5,25% a 5,5% desde julho.

As apostas no mercado ainda apontam uma maior probabilidade de uma primeira redução ainda no primeiro semestre, em junho, mas essa chance — precificada nos contratos futuros de juros nos EUA — tem diminuído, conforme dados de preços mostram uma inflação elevada e o mercado de trabalho segue resiliente.

“A decisão de política monetária nos Estados Unidos é o foco dos mercados globais”, afirmaram economistas do Bradesco. “A expectativa é de estabilidade na taxa de juros e, também nesse caso, o foco é a sinalização dos próximos passos, com a divulgação das projeções dos membros do comitê.”

Em Nova York, o S&P 500 fechou em queda de 0,65%, enquanto o rendimento do título de 10 anos do Tesouro norte-americano marcava 4,3063% no final da tarde, de 4,298% na véspera.

Na visão do diretor de investimentos da Reach Capital, Ricardo Campos, os mercados estão refletindo um certo desconforto com os números recentes de inflação, dado que a expectativa era de que eles continuassem arrefecendo. “Mas a verdade é que os EUA ainda estão longe da meta de 2%”.

Ele destacou que ainda há uma expectativa majoritária de queda dos juros norte-americanos neste ano, mas houve uma reprecificação nas apostas, que afetou o rendimento dos Treasuries, o que acaba também contaminando a bolsa paulista.

Estrategista apontam que uma definição sobre o começo de um amplamente esperado ciclo de afrouxamento monetário nos EUA tende a desencadear uma retomada do fluxo de capital externo para as ações brasileiras. Em 2024, o salto está negativo em quase 23,5 bilhões de reais, segundo dados até o último dia 13.

No Brasil, aliás, o mercado se prepara para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central também na quarta-feira, com todos os 47 economistas consultados de 11 a 14 de março pela Reuters estimando um corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic pela sexta vez seguida, a 10,75%.

A dúvida é se o BC alterará a orientação, também dada desde agosto do ano passado, de que antevê cortes de 0,50 ponto nas “próximas reuniões” — o que implica pelo menos duas reduções adicionais desse valor.

DESTAQUES

– YDUQS ON desabou 9,76%, a 19,14 reais, após registrar prejuízo líquido de 120,3 milhões de reais no quarto trimestre do ano passado, acima da perda de 84,3 milhões registrada um ano antes. O grupo de educação, contudo, estimou crescimento de dois dígitos no lucro líquido ajustado do primeiro trimestre deste ano sobre o mesmo período de 2023. No ano passado, a companhia teve lucro ajustado de 156 milhões de reais nos primeiros três meses do ano. A empresa aposta na redução de alavancagem e no cenário macro mais favorável para melhorar seu resultado.

– LOJAS RENNER ON caiu 6,72%, a 15,40 reais, após divulgar na véspera lucro líquido de 526,9 milhões de reais no quarto trimestre, alta de 9,4% ano a ano. A varejista de vestuário também anunciou que seu atual presidente do conselho de administração e ex presidente-executivo, José Galló, deixará o colegiado após assembleia convocada para 18 de abril. Galló atuou como presidente-executivo da Renner por 27 anos até 2019, e comandou o conselho por mais cinco anos.

– VALE ON perdeu 1,14%, a 59,76 reais, em meio a mais uma queda dos preços futuros do minério de ferro na China, diante do fraco apetite de compra no mercado à vista e das perspectivas sombrias de demanda do principal mercado consumidor da commodity. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações do dia com declínio de 3,46%, a 781,5 iuans (108,61 dólares) a tonelada, o menor valor desde 22 de agosto de 2023. Na semana, acumulou uma perda de 11%.

– PETROBRAS PN terminou com variação positiva de 0,28%, a 36,32 reais, ainda fragilizadas pelos ruídos envolvendo a estatal após a decisão da companhia de não distribuir dividendos extraordinários. No exterior, o barril de petróleo Brent fechou o dia com variação negativa de 0,09%, a 85,34 dólares.

– ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 0,55%, a 34,54 reais, enquanto BRADESCO PN encerrou em queda de 1,54%, a 14,11 reais. Na contramão, BANCO DO BRASIL ON subiu 1,02%.

– HYPERA ON avançou 4,03%, a 34,10 reais, experimentando uma recuperação após queda de 3,7% no último pregão, na esteira da repercussão do balanço do último trimestre do ano passado, que mostrou queda de quase 29% no lucro líquido do quarto trimestre. A farmacêutica também divulgou previsões para 2024 e executivos da companhia disseram enxergar crescimento de um dígito alto em vendas “sell out” nos primeiros três meses deste ano.

– MRV&C0 ON valorizou-se 0,12%, a 8,24 reais, perdendo o fôlego no final do pregão, em sessão marcada por evento da construtora com analistas, incluindo previsões para 2024 e 2025. Foi um dia misto no setor, com EZTEC ON e CYRELA ON, que reportaram balanços na noite da véspera, recuando 0,47% e 2,92%, respectivamente, enquanto TENDA ON, que não faz parte do Ibovespa, saltou 10,05%, também tendo a divulgação do resultado do último trimestre do ano passado no radar.

Fonte: Reuters

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