Crítica de Lula ao Banco Central do Brasil gera repercussão internacional

Existem líderes em todo o mundo que se expressam publicamente sobre as ações dos banqueiros centrais, incluindo o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.

Há crescente evidência das consequências de uma economia enfraquecida no Brasil, como o endividamento recorde das famílias, a redução do crédito pelos bancos e o aumento de casos de falências empresariais.

Mas grande parte dessa situação é atribuída à política monetária liderada por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Segundo ele e outros membros da diretoria do BC, essa política é necessária para esfriar a demanda e controlar a inflação.

No entanto, Lula discorda dessa visão e tem criticado Campos Neto repetidamente em seus discursos, acusando-o de dificultar o acesso dos brasileiros a empréstimos com taxas acessíveis e prejudicar o crescimento do país.

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Presidente Lula (Foto: Reprodução/Internet)

Essa fricção entre os dois reflete um risco crescente na economia global. Embora o Banco Central do Brasil possa ter elevado as taxas de juros antes e para níveis mais altos do que outras autoridades monetárias, como o Federal Reserve e o Banco da Inglaterra, muitos países estão enfrentando apelos para o fim dos aumentos de juros, uma vez que essas taxas têm se tornado desconfortavelmente altas para os políticos.

Esses apelos, presentes em capitais como Nairóbi, Bogotá e Nova Delhi, ameaçam minar a autonomia que é crucial para as autoridades monetárias na luta contra a inflação.

Silvia Matos, economista da Fundação Getulio Vargas, aponta que a inflação levará mais tempo para diminuir no Brasil e em outros lugares. Ela destaca que a política monetária global restritiva criou um ambiente mais suscetível a divergências entre governos e bancos centrais, resultando em um relacionamento potencialmente conflituoso.

Restrição monetária global afeta economias em todas as esferas

No Brasil, a economia enfrenta tensões em todos os setores, gerando preocupações tanto entre os consumidores quanto entre os executivos-chefes. Isso tem permitido ao Presidente Lula responsabilizar o presidente do Banco Central, Campos Neto, pelos problemas econômicos.

A inflação reduziu-se pela metade em relação ao seu pico de 12% no ano passado, chegando a 4,2% em abril, mas os economistas têm opiniões divergentes sobre a continuidade dessa desaceleração.

O Banco Central mantém a taxa básica de juros em seu nível mais alto em mais de seis anos, em meio a altos custos de empréstimos que levaram a um recorde histórico de dívidas das famílias e ao fechamento de linhas de produção por parte das montadoras para evitar excesso de oferta.

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Banco Central e o conflito com Lula (Foto: Reprodução/Internet)

As taxas médias de juros para empréstimos pessoais e habitacionais são de 42% e 11%, respectivamente. Além disso, o acesso ao crédito no setor corporativo também está mais restrito, e as emissões de empresas brasileiras sofreram uma queda tanto no mercado interno quanto no internacional.

Essa realidade de juros elevados gera incertezas e impacta negativamente a situação financeira das empresas. Como resultado, os bancos estão reduzindo a concessão de crédito devido ao receio de assumir riscos, especialmente após o déficit contábil da Americanas. Além disso, o Santander Brasil ainda está se recuperando de uma queda nos lucros no primeiro trimestre.

Diante desse cenário desafiador, as empresas estão buscando alternativas não convencionais para obter financiamento.

Resiliência diante dos desafios econômicos

À medida que os brasileiros enfrentam os desafios econômicos, o Presidente Lula tem usado a situação para criticar Campos Neto e reforçar suas posições. No entanto, a luta para manter a independência do Banco Central e evitar interferências políticas que já causaram problemas econômicos no passado torna-se mais difícil.

Embora seja provável que a inflação diminua o suficiente no futuro para que o Banco Central possa afrouxar sua política monetária, por enquanto Campos Neto tem se mantido firme. Ele tem defendido a autonomia do Banco Central, sancionada apenas em 2021, e argumentado a favor das metas de inflação.

Embora todos desejem juros mais baixos, ele alertou sobre as consequências de uma alta descontrolada dos preços, especialmente em um país com histórico de hiperinflação.

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Presidente do Banco Central Campos Neto (Foto: Reprodução/Internet)

O Comitê de Política Monetária (Copom) não mencionou cortes futuros de juros em suas comunicações mais recentes. Os diretores da autoridade monetária expressaram preocupação com as expectativas de aceleração da inflação.

Segundo Campos Neto e sua equipe, as medidas de núcleo de inflação, que excluem itens mais voláteis como alimentos e energia, e as expectativas dos analistas precisam diminuir antes de considerar uma redução na taxa Selic.

Lula, logo após a decisão, voltou a criticar Campos Neto, afirmando que ele não tem compromisso com o Brasil e que a taxa de juros é insustentável para lojistas, empresários e trabalhadores brasileiros.

Espera...