Continuar no aluguel ou financiar uma casa? Confira os principais fatores na hora da escolha
Quem nunca ouviu – ou até mesmo falou – a famosa expressão “aluguel é dinheiro jogado fora” que atire a primeira pedra.
O aluguel é um dos temas mais polêmicos quando o assunto é dinheiro, e muitas pessoas se recusam a considerá-lo como alternativa, preferindo recorrer aos financiamentos para ter casa própria.
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Desde os nossos ancestrais, o ser humano tem a necessidade de ter um local fixo para proteger-se. Se naquela época eram as cavernas o abrigo mais procurado, nos tempos atuais são as casas próprias. Mas, será que a aversão aos aluguéis e a busca frenética por ter uma escritura no nome vale tanto a pena assim – do ponto de vista econômico?
Ainda existe uma crença forte no Brasil de que pagar aluguel é um dinheiro perdido. Entretanto, as coisas não funcionam assim. Antes de cair na tentação de comprar uma casa para chamar de sua, leve em consideração os seguintes fatores: O momento da sua vida.
Antes de escolher se vai sair do aluguel e partir para um lar fixo, é importante levar em conta a fase em que você está e os seus objetivos.
Uma pessoa que ainda pretende estudar fora, passar alguns anos no exterior ou prestar um concurso em outra cidade ou estado teria como alternativa mais viável aplicar o seu dinheiro (que usaria para a entrada do financiamento, por exemplo) em vez de investir em um local que provavelmente não será a sua casa definitiva. Por outro lado, quem pensa em construir família e se fixar em um local para criá-los, a compra de uma casa própria se torna mais interessante.
Com filhos, estruturar a vida em um bairro, com escola, supermercado e outras facilidades por perto é uma boa opção. O aluguel sai mais barato do que o financiamento (mensalmente). A maioria das pessoas que quer ter a casa própria usa a desculpa que morar de aluguel é jogar dinheiro fora.
Mas será que é bem assim?
Precisamos levar em conta de que quando moramos de aluguel pagamos ao locador (proprietário do imóvel) um valor muito pequeno em troca de desfrutá-lo. Ao fazer essa conta, não devemos pensar no valor absoluto pago mensalmente ao locador, mas sim nos percentuais. Se você alugou um imóvel que vale R$500.000,00 e paga ao proprietário R$1.500,00 por mês, os rendimentos do locador são mais baixos do que ele teria se tivesse investido esse dinheiro. Com as taxas de juros atuais, usando o exemplo anterior de um imóvel de R$500 mil, a parcela média de um financiamento seria de R$2.500,00. E considerando o mesmo imóvel, o aluguel – considerando um percentual de 0,3% do valor do imóvel – não sairia por mais de R$1.500,00. Subtraindo o valor da parcela do financiamento pelo valor do aluguel mensal, temos uma economia de R$1.000,00 optando pelo aluguel.
O aluguel pode ser uma alternativa até ter o dinheiro para comprar
Nem sempre essa conta convence a todos, já que muitos poderiam pensar “pelo menos com o financiamento, no fim o imóvel é meu”. E é justamente aí que os investimentos têm papel importante. Investindo o valor da entrada que você daria, e fazendo aportes mensais com o valor que você economizaria mensalmente morando de aluguel, você conseguiria juntar todo o montante necessário para conquistar a casa própria à vista, pelo menos na metade do tempo que levaria para quitar um financiamento (em média 30 anos). Sem contar que você não faria nenhuma dívida e nem pagaria juros.
Quando pensamos em trocar o aluguel pelo financiamento não temos que considerar apenas o valor mensal, mas sim todos os outros custos envolvidos – antes e após a compra. Ao longo de todo o tempo de financiamento, você estará pagando valores absurdos de juros e o custo efetivo – o valor total que o imóvel custará – será muito maior, principalmente se o financiamento for longo. Antes que pedras comecem a ser jogadas, ninguém está dizendo o que é melhor para fazer – estamos apenas dando os prós e contras de cada alternativa. Cada pessoa sabe o que é melhor para si.
Na hora de escolher se vai continuar no aluguel por mais um tempo ou apostar no financiamento, é preciso levar em conta não só os termos financeiros, como também os objetivos e valores de cada família. Mas, o que não pode acontecer é fechar os olhos para as oportunidades e prejuízos em cada decisão. Pense e calcule bem antes de tomar uma decisão consciente e planejada.
Por Rafael Mansberger – Especialista em crédito – @rafaelmansberger – E-mail: [email protected]