Câmara dos EUA cassa mandato do deputado George Santos


Câmara dos EUA cassa mandato do deputado George Santos

A breve carreira do republicano George Santos na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos chegou ao fim nesta sexta-feira, quando seus pares parlamentares votaram por sua cassação devido a acusações criminais de corrupção e de uso indevido de dinheiro de campanha.

O placar da votação na Câmara foi de 311 votos a favor da cassação e 114 contrários, acima da maioria de dois terços necessária para cassar um de seus membros.

Pouco antes da votação, o presidente da Câmara, Mike Johnson, disse que votaria contra a expulsão, segundo um assessor.

Santos, de 35 anos e filho de brasileiros, está envolvido em controvérsias desde sua eleição em novembro de 2022. Ele admitiu ter forjado grande parte de sua biografia, e promotores federais o acusam de lavar fundos de campanha e fraudar doadores. Santos se declarou inocente dessas acusações.

Ele sobreviveu a uma tentativa anterior de cassação no início de novembro, quando 182 de seus pares republicanos e 31 democratas votaram contra sua remoção, alegando que seu caso criminal deveria ser resolvido primeiro. Sua cassação reduz a já pequena maioria dos republicanos na Câmara para uma maioria de 221 cadeiras contra 213 dos democratas. Seu distrito, que inclui partes da cidade de Nova York e Long Island, é considerado competitivo.

Uma investigação bipartidária do Congresso no mês passado descobriu que ele debitou quase 4.000 dólares em tratamentos de spa, incluindo Botox, em sua conta de campanha para o Congresso. Ele também gastou mais de 4.000 dólares de dinheiro de campanha na loja de varejo de luxo Hermes e fez “compras menores” na OnlyFans, uma plataforma online conhecida por seu conteúdo sexual.

Isso fez com que vários republicanos que o apoiaram na votação de novembro dissessem que apoiariam a sua cassação.

Santos não aceitou os apelos para renunciar, mas disse que não concorreria à reeleição no próximo ano.

Ele é apenas o sexto deputado a ser expulso da Câmara, e o primeiro que não foi condenado por um crime ou que lutou pela Confederação durante a Guerra Civil norte-americana de 1861-65. O democrata James Traficant foi o último membro a ser expulso, em 2002, após sua condenação criminal por corrupção.

No plenário da Câmara na quinta-feira, Santos disse: “Não fui condenado por nenhum crime. O povo do Terceiro Distrito (Congressional) de Nova York me enviou para cá. Se eles quiserem que eu saia, terão que silenciar essas pessoas e fazer uma votação difícil.”

Os problemas de Santos começaram logo após sua eleição em novembro de 2022, quando veículos de mídia noticiaram que ele não havia realmente frequentado a Universidade de Nova York ou trabalhado no Goldman Sachs e no Citigroup, como havia afirmado durante a campanha.

Ele também alegou falsamente ter ascendência judaica e disse aos eleitores que seus avós haviam fugido dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

“Todos os dias em que o sr. Santos tem permissão para permanecer como membro do Congresso, meus vizinhos de Nova York, a oeste, estão sendo impedidos de ter uma representação real nesses corredores”, disse o deputado Nick LaLota, um republicano que representa um distrito vizinho em Nova York, no plenário da Câmara na quinta-feira.

As denúncias de falsidades fizeram de Santos um pária na Câmara e alvo de comediantes de TV, mesmo antes de os promotores federais o acusarem de uma série de fraudes e crimes financeiros de campanha.

Em uma indiciamento de 23 acusações, eles o acusam de inflar seus totais de arrecadação de fundos a fim de obter mais apoio do Partido Republicano, lavar fundos para pagar despesas pessoais e cobrar os cartões de crédito dos doadores sem permissão.

Dois ex-assessores de campanha se declararam culpados de acusações de fraude relacionadas.

Santos nega ter cometido irregularidades, e seu julgamento está programado para começar em 9 de setembro de 2024, pouco antes das eleições de novembro que determinarão o controle da Casa Branca e das duas Casas do Congresso.

A governadora democrata do Estado de Nova York, Kathy Hochul, tem agora 10 dias para convocar uma eleição especial para o cargo. A eleição deve ocorrer de 70 a 80 dias após essa proclamação.

Antes da vitória de Santos em 2022, o distrito era representado pelo democrata Tom Suozzi, que concorreu, sem sucesso, ao cargo de governador. Suozzi e outros 19 candidatos, incluindo oito republicanos, se inscreveram para concorrer à vaga de Santos.

(Reportagem de Makini Brice e Richard Cowan)

Fonte: Reuters

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