Bolsonaro passou duas noites na embaixada da Hungria após ter passaporte apreendido, diz NYT


Bolsonaro passou duas noites na embaixada da Hungria após ter passaporte apreendido, diz NYT

O ex-presidente Jair Bolsonaro passou duas noites na embaixada da Hungria em Brasília depois de ter seu passaporte retido pela Justiça em fevereiro no âmbito de uma investigação da Polícia Federal sobre uma tentativa de golpe de Estado durante seu governo, revelou nesta segunda-feira o jornal The New York Times.

A defesa do ex-presidente confirmou, em nota oficial, que Bolsonaro se hospedou na embaixada da Hungria por dois dias, afirmando ter recebido um convite, “para manter contatos com autoridades do país amigo”.

“Quaisquer outras interpretações que extrapolem as informações aqui repassadas se constituem em evidente obra ficcional, sem relação com a realidade dos fatos e são, na prática, mais um rol de fake news”, conclui o documento assinado pelos advogados Paulo Amador da Cunha Bueno, Daniel Bettamio Tesser e Fábio Wajngarten.

Em sua reportagem, o New York Times divulgou imagens de circuito interno de TV que mostram Bolsonaro chegando à representação húngara no Brasil. A publicação também teve acesso a imagens de satélite que demonstram que o carro que levou o ex-presidente à embaixada do país europeu ficou estacionado no local de 12 a 14 de fevereiro, poucos dias após a operação da Polícia Federal que reteve o passaporte do ex-presidente e prendeu aliados dele.

O The New York Time classificou o episódio como “uma aparente tentativa de obtenção de asilo” da parte de Bolsonaro. Caso o ex-presidente estivesse na embaixada húngara e a Justiça determinasse sua prisão, agentes da PF não poderiam entrar na representação diplomática da Hungria para prendê-lo, pois o local é protegido pela legislação e está fora da jurisdição das autoridades brasileiras.

Bolsonaro é aliado do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, de extrema-direita, com quem já trocou elogios públicos no passado. Ambos se encontraram no fim do ano passado durante a posse do presidente da Argentina, Javier Milei, também de extrema-direita, em Buenos Aires.

A embaixada da Hungria em Brasília não respondeu de imediato a um pedido de comentário da Reuters.

Na operação da PF em que Bolsonaro teve seu passaporte retido, em 8 de fevereiro, também foram alvos, além do ex-presidente, aliados próximos, como os ex-ministros da Defesa Paulo Nogueira Batista e Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; todos generais da reserva; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier Santos; e o presidente do PL, partido do ex-presidente, Valdemar Costa Neto.

Na mesma ocasião, também foram presos preventivamente o ex-assessor especial da Presidência no governo Bolsonaro, Filipe Martins, e Marcelo Câmara, coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Fonte: Reuters

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