Supermercados veem alta no consumo; retração de preços fortalece a perspectiva positiva
Agosto mostrou um crescimento promissor nas vendas domésticas no Brasil, com um avanço de 4,12% em comparação ao mesmo mês do ano anterior.
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O cenário apresentado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) sugere um futuro animador para o setor de consumo.
Essa progressão é, em grande parte, resultado de um declínio notável nos preços dos alimentos e iniciativas de auxílio financeiro.
Entretanto, a opinião de profissionais que monitoram o setor sugere cautela, indicando que o momento ainda não é de festa.
Tendências de Preços na Seleção da Abras
A cesta da Abrasmercado, um conjunto de 35 produtos essenciais selecionados e monitorados pela Abras, mostrou um declínio de 5,33% no mês de agosto, quando comparada ao mesmo período de 2022.
Além de alimentos, essa seleção inclui bebidas, itens de higiene, cuidados pessoais e produtos de limpeza. Neste mês em análise, o preço médio da cesta reduziu, migrando de R$ 730,06 para R$ 717,55.
Mudanças nos Valores das Proteínas
A acessibilidade de carnes viu um benefício duplo: um aumento na disponibilidade no mercado doméstico e um reforço na renda dos brasileiros.
Neste cenário, agosto trouxe uma retração nos preços de cortes dianteiros e traseiros, com descensos de 1,10% e 1,78%, respectivamente.
“A estabilidade de renda combinada com a queda nos preços dos alimentos permitiu ao consumidor acrescentar mais itens na cesta de abastecimento dos lares e buscar itens de valor agregado, a exemplo da carne bovina”, enfatizou o vice-presidente da Abras, Marcio Milan.
Projeções e Desafios Futuros
Embora o cenário pareça promissor, Domenico Filho, uma autoridade na Nielsen IQ, recomenda temperança nas expectativas. Ele reflete:
“Podemos esperar um cenário positivo para o volume brasileiro de vendas, do varejo moderno principalmente, mas eu não esperaria um crescimento muito acelerado”.
A principal preocupação de Filho reside no poder de compra do brasileiro, que foi prejudicado pela inflação. Ele ressalta:
“Só o aumento de preço dos alimentos acumulados nos últimos três anos foi de 50%.”. Portanto, ainda pode levar algum tempo para que os brasileiros se ajustem financeiramente.
Estimativas do Setor para o Próximo Ano
Olhando para 2023, a Abras tem uma previsão otimista, esperando um crescimento de 2,5% no setor. Marcio Milan considera essa projeção um tanto conservadora, sugerindo que os próximos meses podem trazer algumas revisões dessas expectativas.
Dinâmica do Setor Supermercadista e Novas Lojas
Nos primeiros três trimestres do ano, o país viu a inauguração de 482 novos estabelecimentos no segmento de supermercados.
Deste total, 228 são inaugurações, enquanto 254 são reinaugurações. Outra tendência interessante vem dos atacarejos.
Segundo dados da Nielsen, desde 2020, os atacarejos têm sido uma escolha predominante entre os brasileiros. No entanto, Domenico Filho alerta para um crescimento que se baseia mais na abertura de novos espaços do que no desempenho de estabelecimentos já existentes.