S&P Global Ratings Rebaixa Azul Linhas Aéreas, Impactando o Cenário Econômico

 

Avaliação da S&P Global Ratings aponta queda na classificação de risco da Azul Linhas Aéreas, impactando o cenário da companhia aérea

A agência americana de classificação de crédito S&P Global Ratings divulgou ontem, 2 de setembro, uma atualização da classificação de risco da Azul Linhas Aéreas, rebaixando de “B-” para “CCC+”, em decorrência dos resultados mais fracos e liquidez mais restrita na mais recente divulgação da companhia aérea.

Visão Geral da Ação de Classificação

Os resultados da companhia aérea brasileira Azul para o primeiro semestre de 2024 foram mais fracos do que a agência esperava, ampliando o déficit de fluxo de caixa operacional livre (FOCF) para o ano e enfraquecendo a liquidez. Nesse contexto, a empresa está buscando maneiras de fortalecer sua estrutura de capital e aumentar sua liquidez.

Em 2 de setembro de 2024, a S&P Global Ratings rebaixou a classificação de crédito global da Azul de ‘B-‘ para ‘CCC+’ e sua classificação na escala nacional de ‘brBBB-‘ para ‘brBB-‘.

Ao mesmo tempo, rebaixou a classificação sobre as notas seniores sem garantia da Azul de ‘CCC’ para ‘CCC-‘ e reafirmou a classificação de recuperação ‘6’, indicando expectativa de recuperação mínima (0%) nas notas sem garantia restantes com vencimento em 2024 e 2026 em caso de inadimplência.

A perspectiva negativa reflete que a agência poderia rebaixar as classificações nos próximos seis a 12 meses se a geração de fluxo de caixa da Azul e sua capacidade de acessar financiamento de longo prazo enfraquecerem.

Justificativa da Ação de Classificação

Os resultados do segundo trimestre da Azul foram mais fracos do que o esperado, levando a agência a prever um fluxo de caixa operacional livre (FOCF) negativo maior após os pagamentos de leasing.

A desvalorização do real brasileiro (R$) e uma redução na capacidade e nos rendimentos prejudicaram os resultados do segundo trimestre da Azul.

Agora, a S&P projeta um crescimento de receita de 3% a 4% para 2024, ainda prevê uma margem EBITDA saudável de cerca de 28,0%, em comparação com 25,2% em 2023 e espera que o EBITDA da Azul cresça para cerca de R$ 5,2 bilhões este ano, ante R$ 4,7 bilhões em 2023, mas os gastos de capital (capex) e os pagamentos de leasing devem pesar sobre os ganhos.

Prevê, ainda, déficits materiais de FOCF após pagamentos de leasing de cerca de R$ 1,6 bilhão este ano e em 2025.

A liquidez da Azul se apertou e as opções de refinanciamento são limitadas. A Azul utilizou pouco mais de R$ 450 milhões em caixa no primeiro semestre do ano.

Em 30 de junho de 2024, a empresa tinha em caixa cerca de R$ 1,5 bilhão. Embora os vencimentos da dívida financeira nos próximos 12 meses não sejam substanciais, as necessidades de leasing operacional e capex são significativas (totalizando aproximadamente R$ 5 bilhões por ano em 2024 e 2025).

A empresa confirmou que está em negociações com arrendadores para converter parte (US$ 558 milhões) de suas responsabilidades de leasing em capital próprio e também está trabalhando em algumas alternativas para obter novo financiamento garantido para fortalecer a liquidez.

Perspectiva

A perspectiva negativa reflete que a agência poderia rebaixar as classificações nos próximos seis a 12 meses se as negociações com os arrendadores não forem bem-sucedidas ou se demorarem mais do que o esperado, e/ou se a geração de fluxo de caixa e a capacidade da Azul de acessar financiamento de longo prazo enfraquecerem.

Cenário Positivo

Uma ação de classificação positiva pela agência poderia resultar de um alívio significativo de liquidez proveniente de novas entradas de caixa de stakeholders.

Uma elevação de classificação também dependeria da conclusão das negociações com stakeholders, diminuindo os riscos de uma reestruturação da dívida.

Fundada em 2008, a Azul é uma companhia aérea brasileira com uma frota operacional de 182 aeronaves em junho de 2024. É a maior companhia aérea do país em termos de partidas domésticas e número de cidades atendidas, com quase 1.000 voos diários para mais de 160 destinos.

O programa de fidelidade da empresa, Azul Fidelidade, tinha mais de 16 milhões de membros em dezembro de 2023. A Azul gerou uma receita de R$ 18,7 bilhões e apresentou um EBITDA ajustado pela S&P Global Ratings de R$ 5,1 bilhões nos últimos 12 meses encerrados em junho de 2024.

 

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