Rivais Resentidos: fornecedores insultavam ao descobrir fraude nas Americanas, revelando o lado sombrio do mundo dos negócios.
Um aspecto marcante da trajetória recente da Americanas tem sido as reuniões hostis que a varejista teve com seus fornecedores no ano passado. O cenário tornou-se bastante adverso após a empresa assumir uma fraude contábil bilionária e entrar em recuperação judicial com uma expressiva dívida acumulada. O presidente da Americanas, Leonardo Coelho, relata que, em um dado momento, as reuniões se baseavam em críticas e ofensas, com pouco espaço para negociações construtivas. No entanto, o executivo destaca que atualmente o foco é direcionado totalmente para os negócios, buscando restaurar a credibilidade da companhia.
O anúncio recente de um lucro líquido de R$ 10,3 bilhões, em contraste com um prejuízo significativo no mesmo período do ano anterior, é apontado como um avanço importante no contexto da execução do plano de recuperação judicial. Contudo, vale ressaltar que a operação ainda não se demonstra totalmente lucrativa, sendo essencial um esforço contínuo nesse sentido.
Leonardo Coelho Pereira, presidente das Americanas, enfatiza que a fraude contábil foi apenas um dos elementos que evidenciaram a crônica dificuldade da empresa em gerar receita. Para ele, superar a crise atual demanda um retorno às raízes e a reconstituição de uma operação rentável, conforme era no final da década de 1990, após uma reestruturação conduzida pela Galeazzi & Associados.
No terceiro trimestre, a Americanas registrou uma receita líquida com leve aumento, com destaque para o desempenho das vendas brutas nas lojas físicas. Porém, as vendas no canal digital apresentaram uma queda expressiva, impactadas pela não comercialização direta de produtos de maior valor, como eletrônicos e smartphones.
Diante desse cenário, a estratégia da Americanas é fortalecer sua atuação no varejo físico, direcionando esforços para atender às demandas dos principais clientes, especialmente as mulheres das classes B e C em busca de produtos específicos. Apesar dos desafios, a empresa busca resgatar sua credibilidade junto aos fornecedores e consumidores, o que tem possibilitado a realização de negociações mais vantajosas e a oferta de preços competitivos.
A decisão de fechar parte dos pontos de venda, principalmente aqueles que não geram lucro, reflete a estratégia de reorganização da operação. Mesmo diante de questões como a ação de despejo no Shopping Iguatemi, em São Paulo, a Americanas busca maneiras de se manter viável financeiramente, sem comprometer seu processo de recuperação judicial.
Nesse sentido, a personalização do mix de produtos e a aposta em programas de fidelização da clientela são estratégias em desenvolvimento pela empresa. O planejamento para os próximos trimestres inclui a otimização regional do sortimento de produtos e o lançamento de novas iniciativas para conquistar e fidelizar os consumidores.
A diretora financeira, Camille Faria, destaca que a Americanas está trilhando o caminho correto para a retomada da lucratividade, com avanços visíveis no resultado operacional. O terceiro trimestre apresentou indicadores mais positivos, sinalizando uma evolução constante no processo de recuperação da empresa.