Quais são as razões para a Argentina ter seis cotações diferentes do dólar?

A economia argentina, famosa por sua volatilidade e políticas cambiais singulares, encontra-se mais uma vez sob os holofotes com a recente desvalorização do peso. Mas, o que impulsiona essa multiplicidade de cotações de dólar? Vamos navegar pelas águas turbulentas da moeda argentina.

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Quais são as razões para a Argentina ter seis cotações diferentes do dólar?. (Foto: reprodução/internet)

Um Pano de Fundo Inflacionado

Por décadas, a inflação tem sido um fantasma na economia argentina. As políticas de imprimir dinheiro para cobrir gastos crescentes resultaram em constante desvalorização do peso. Com isso, o dólar se firmou não só como refúgio, mas também como referência para a economia.

“Cepos” Cambiais: A Resposta a um Problema Crescente

Tentando manejar a crise e conservar as reservas monetárias, diversos governos, desde os kirchneristas aos macristas, implementaram restrições na aquisição de moeda estrangeira. Estas medidas levaram ao surgimento de várias cotações para o dólar.

1. Dólar para o Poupador

A despeito da taxa oficial estabelecida pelo BCRA, a população enfrenta uma sobretaxa de 75% ao adquirir dólares, com um limite de US$ 200 por mês e diversos requisitos a serem cumpridos. Diante desses obstáculos, muitos se voltam para canais alternativos.

2. A Popularidade do Dólar Blue

Este dólar, obtido fora das vias oficiais, é a principal maneira dos argentinos acessarem a moeda norte-americana. Flutuando segundo a oferta e a demanda, sua cotação é notavelmente instável, mais ainda em contextos eleitorais.

3. Dólar e o Cartão de Crédito

Para gastos em dólares que não ultrapassem US$ 300, como assinaturas de streaming, a taxa é similar à do dólar poupança, mas com 75% de encargos adicionais.

4. O “Catar”: Dólar Turista

Ao gastar mais de US$ 300 no exterior, a taxa sobre o dólar dobra. Esse regime, instaurado pouco antes da Copa de 2022 no Catar, ganhou esse apelido popular.

5. Navegando pelo Dólar Bolsa

Através do “mercado de pagamentos eletrônicos” (MEP), é possível adquirir dólares de forma legal, mas indireta. Esta alternativa envolve operações com títulos financeiros e ações.

6. Dólar CCL: Uma Janela para o Exterior

O “dólar contado com liquidação” (CCL) é uma ferramenta que facilita a conversão de pesos em dólares no exterior. Comumente utilizado por empresas e investidores, serve como uma ponte legal para transferir capitais para fora da Argentina.

O intricado sistema de cotações na Argentina é reflexo das contínuas tentativas do país de equilibrar a balança entre a procura e a oferta de dólares. A questão que persiste é: qual será o próximo capítulo desta saga cambial?

Espera...