Processo de desinflação está em curso, mas ainda requer política monetária contracionista, diz Campos Neto

 

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Processo de desinflação está em curso, mas ainda requer política monetária contracionista, diz Campos Neto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, que o processo de desinflação no Brasil está em andamento, com sinais claros de arrefecimento dos núcleos de inflação e ancoragem das expectativas do mercado. No entanto, ele reforçou que o cenário atual ainda exige a manutenção de uma política monetária contracionista, ou seja, com juros elevados para garantir a continuidade da desaceleração inflacionária.

Campos Neto classificou o processo de desinflação como “acentuado”, destacando que alguns componentes importantes do índice de preços estão mostrando comportamento favorável. Entre os destaques, ele mencionou a queda expressiva nos preços de alimentos e o alívio nos custos de energia. Por outro lado, chamou a atenção para o impacto do reajuste recente da gasolina, que foi o principal fator responsável pela elevação do IPCA-15 de setembro, uma prévia da inflação oficial.

Apesar dos avanços, o presidente do BC ponderou que as expectativas de inflação do mercado ainda não convergiram plenamente para o centro da meta, embora estejam ancoradas dentro dos limites de tolerância. A meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional é de 3,25% para 2023 e 3,0% para os anos de 2024, 2025 e 2026, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Nesse contexto, Campos Neto considerou positiva a decisão do governo de manter a meta de inflação em 3% para o ano de 2026, medida que contribuiu para reforçar a credibilidade da política monetária e permitiu ao Banco Central iniciar o ciclo de redução da taxa Selic. O corte dos juros foi iniciado com duas reduções consecutivas de 0,50 ponto percentual, e a autoridade monetária já sinalizou que poderá continuar com cortes da mesma magnitude nas próximas reuniões, dependendo da evolução do cenário macroeconômico.

Atualmente, a taxa Selic está em 12,75% ao ano, patamar que, embora elevado, já representa um movimento de flexibilização em relação aos níveis anteriores. Campos Neto também enfatizou que a autonomia do Banco Central tem um papel relevante na condução da política monetária e no controle da inflação. Segundo ele, a experiência mostra que países com bancos centrais mais independentes conseguem manter a inflação sob controle de forma mais eficiente e sustentável ao longo do tempo.

As declarações reforçam o compromisso da autoridade monetária com o controle da inflação e com a manutenção da estabilidade econômica no país.

 

(Por Bernando Caram; Com reportagem adicional de Luana Maria Benedito)

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