Por que o dólar pode cair abaixo de R$ 5? Entenda as previsões dos especialistas
Por dias, o valor do dólar ultrapassou a marca dos R$ 5. Segundo analistas do mercado financeiro, é pouco provável que essa tendência reverta tão cedo.
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Os caprichos do mercado cambial são notoriamente voláteis, mas os sinais recentes apontam para um dólar mais fortalecido e um real em posição mais frágil.
Fatores Globais Propulsando a Força do Dólar
Muitos acontecimentos no cenário internacional estão dando força à moeda estadunidense. Esta tendência ganhou ainda mais destaque após uma decisão recente do principal banco dos EUA. Em uma movimentação em setembro, o Federal Reserve optou por manter suas taxas, já em um pico histórico das últimas décadas.
Entretanto, junto a essa decisão, houve um reforço nas palavras do Fed sobre a inflação, ainda que o objetivo desejado esteja longe de ser alcançado.
Além disso, a situação econômica dos EUA permanece positiva, mesmo com uma abordagem monetária mais conservadora.
“Isso colabora com a ideia de que o Fed não chegou a uma taxa terminal, vai precisar subir mais os juros e as taxas vão continuar elevadas por mais tempo”, comenta Felipe Izac da Nexgen Capital. “Isso fortalece a moeda americana frente a outras divisas mundo afora”.
Emergentes em Desvantagem no Cenário Atual
Quando os juros são elevados nas principais economias globais, os ativos em países emergentes, como o Brasil, passam a ser vistos com menos entusiasmo pelos investidores internacionais.
Haryne Campos, da WIT Exchange, destaca que isso pode levar a uma pressão de desvalorização sobre o real, incentivando a saída de capitais do Brasil.
Ela nota que “Neste momento, os indicadores são de que o dólar se mantenha em um patamar mais elevado, uma vez que dificilmente o Fed deve afrouxar a política monetária e reduzir as taxas de juros”.
Além disso, os lançamentos econômicos vindouros dos EUA são altamente antecipados, especialmente certos dados que estarão disponíveis em breve.
O mercado aguarda, por exemplo, as próximas estatísticas de emprego vindas do Departamento de Trabalho dos EUA. Essa área tem sido monitorada de perto pelo Fed como uma influência significativa nas tendências inflacionárias.
Considerações Domésticas e Internacionais Afetando a Moeda
A robustez da economia americana é uma preocupação para muitos, como José Faria Junior da Wagner Investimentos. Ele destaca:
“Nosso principal temor é a força da economia americana e o dado do Produto Interno Bruto [PIB] do terceiro trimestre, que vai ser divulgado em 26 de outubro e poderá surpreender o mercado”. Uma projeção indica um PIB com crescimento entre 5% e 6% para esse trimestre.
Faria Junior aponta que o impulso na moeda estadunidense se dá majoritariamente por fatores internacionais. No entanto, Diego Costa da B&T Câmbio acrescenta que mudanças na dinâmica interna do Brasil também têm impacto.
“Espera-se que, com a aproximação do final do ano, as importações feitas pelo Brasil voltem a ter maior aquecimento e que a demanda por moeda estrangeira aumente, gerando um fluxo diferente do que observamos no primeiro semestre”.
Desenvolvimentos em outras partes do mundo, como a crise imobiliária chinesa, também são cruciais para o Brasil. “Dado que a China é nosso principal cliente, notícias ruins por lá também afetam nossa economia”, aponta.
Finalizando, a estabilidade fiscal e uma governança eficaz no Brasil são vitais para o equilíbrio da economia, como enfatiza Izac da Nexgen Capital.