PF prende 2 suspeitos em operação para prevenir “atos terroristas” ligados ao Hezbollah no Brasil



A Polícia Federal prendeu dois suspeitos, nesta quarta-feira, em uma operação que investiga possível recrutamento de brasileiros para o cometimento de “atos terroristas” no país, informou a corporação em nota. Duas fontes com conhecimento das investigações disseram que os investigados tinham ligação com o grupo libanês Hezbollah.

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A chamada Operação Trapiche teve como objetivo “interromper atos preparatórios de terrorismo e obter provas de possível recrutamento de brasileiros para a prática de atos extremistas no país”, de acordo com comunicado da Polícia Federal.

Dois suspeitos foram presos em São Paulo e agentes da corporação também cumpriram 11 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Minas Gerais e no Distrito Federal, disse a PF. Uma das fontes disse que os investigados eram financiados pelo Hezbollah.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que a investigação da PF envolve a “hipótese de uma rede terrorista tentando se instalar” no Brasil.

“Há indícios, não há confirmação, mas isso mostra a seriedade do governo federal para desarticular eventuais redes associadas a redes internacionais voltadas para o terrorismo“, afirmou o ministro ao participar de evento no Rio de Janeiro.

Os investigados como recrutadores e recrutados devem responder pelos crimes de constituir ou integrar organização terrorista e de realizar atos preparatórios de terrorismo, cujas penas máximas, se somadas, chegam a 15 anos e 6 meses de reclusão, de acordo com a PF.

Os crimes previstos na Lei de Terrorismo são equiparados a hediondos, considerados inafiançáveis, insuscetíveis de graça, anistia ou indulto. O cumprimento da pena para esses crimes se dá inicialmente em regime fechado.

O grupo investigado supostamente planejava atacar edifícios judaicos, como sinagogas, de acordo com o jornal O Globo. Líderes judaicos disseram à Reuters no mês passado que notaram um aumento no discurso antissemita na internet em meio a um aumento global mais amplo de antissemitismo desde o ataque de 7 de outubro do Hamas ao sul de Israel e o subsequente bombardeio da Faixa de Gaza pelos militares israelenses.

“Acompanhamos com apreensão e preocupação esta operação da Polícia Federal no dia de hoje. O Brasil não tem histórico de terrorismo e esperamos que o conflito no Oriente Médio não seja importado para cá”, disse Ricardo Berkiensztat, presidente-executivo da Federação Israelita de São Paulo.

O Hezbollah é um grupo fortemente armado e apoiado pelo Irã. A organização tem trocado tiros através da fronteira com Israel desde que o grupo militante palestino Hamas e Israel entraram em guerra. Esse é o pior caso de violência na fronteira desde que Israel e o Hezbollah travaram uma guerra em 2006.

(Reportagem adicional de Steven Grattan, em São Paulo)

Fonte: Reuters

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