Países enfrentam impasse sobre fundo de “perdas e danos” antes da COP28



As discussões sobre como criar um fundo para ajudar os países a se recuperarem e se reconstruírem dos danos causados pelas mudanças climáticas estão enfrentando um impasse, faltando pouco mais de 30 dias para o início das negociações cruciais da cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o clima em Dubai.

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Duas dúzias de países envolvidos em um comitê encarregado de elaborar um fundo de “perdas e danos” encerraram a última reunião no sábado em Aswan, no Egito, com países em desenvolvimento e desenvolvidos em desacordo sobre questões centrais: qual entidade deve supervisionar o fundo, quem deve pagar e quais países estariam qualificados para receber financiamento.

Esperava-se que o comitê elaborasse uma lista de recomendações para a implementação do fundo, que foi acordado em um avanço no ano passado na COP27 em Sharm el-Sheikh, no Egito, e seria o primeiro fundo da ONU dedicado a lidar com os danos irreparáveis causados pelo clima, como secas, inundações e aumento do nível do mar.

Em vez disso, o grupo concordou em se reunir mais uma vez em Abu Dhabi, no dia 3 de novembro, antes do início da COP28, em Dubai, no dia 30 de novembro, para tentar superar as divisões, o que pode definir o tom das negociações climáticas de duas semanas.

“Todas as negociações da COP28 podem fracassar se as prioridades dos países em desenvolvimento sobre o financiamento de perdas e danos não forem adequadamente abordadas”, disse Preety Bhandari, consultora sênior de finanças do World Resources Institute.

Entre as questões mais polêmicas da semana passada, estava a de saber se o Banco Mundial deveria abrigar o fundo — uma posição defendida pelos Estados Unidos e pelos países desenvolvidos — ou se a ONU deveria criar um novo órgão para administrar o fundo, como os países em desenvolvimento têm solicitado.

O fato de o fundo ser administrado pelo Banco Mundial, cujos presidentes são nomeados pelos EUA, daria aos países doadores uma influência exagerada sobre o fundo e resultaria em altas taxas para os países beneficiários, argumentam os países em desenvolvimento.

Em resposta a essas críticas, um porta-voz do Banco Mundial disse à Reuters: “Estamos apoiando o processo e temos o compromisso de trabalhar com os países assim que eles chegarem a um acordo sobre como estruturar o fundo de perdas e danos.”

Os EUA, a União Europeia e outros países querem um fundo mais específico. A UE quer um fundo dedicado aos mais “vulneráveis”, enquanto os EUA disseram que o fundo deve se concentrar em áreas como impactos climáticos de início lento, como o aumento do nível do mar.

Os países também estão divididos quanto a quem deve pagar.

Fonte: Reuters

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