Lucro líquido da Petrobras cai mais de 40% no 3º tri com recuo do petróleo
A Petrobras registrou lucro líquido 26,63 bilhões de reais no terceiro trimestre, queda de 42,2% na comparação com o mesmo período do ano passado, diante de um recuo nos preços globais do petróleo e também pela redução das margens dos derivados no mercado internacional, informou a companhia nesta quinta-feira.
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O lucro líquido teve ainda um impacto negativo de 600 milhões de reais, influenciado principalmente por contingências judiciais e baixa contábil de ativos, informou a companhia. Desconsiderando os itens não-recorrentes, o lucro líquido seria de 27,2 bilhões de reais.
O resultado veio abaixo do esperado por analistas, que previam um lucro líquido recorrente de 28,74 bilhões de reais, em média, conforme pesquisa da LSEG.
Em nota, a companhia ressaltou que a queda dos preços do petróleo e das margens dos derivados “afetaram não só a Petrobras, mas a indústria de óleo, gás e derivados como um todo”.
O petróleo Brent, referência internacional, caiu 14% no terceiro trimestre ante o mesmo período do ano passado, para 86,76 dólares por barril, mostrou a companhia.
“Ainda assim o fluxo de caixa operacional (FCO) da Petrobras está acima da média das empresas globais de petróleo (majors)”, disse a companhia em nota.
“Os números do ano passado refletiram um cenário atípico de preço alto de Brent que levaram a resultados financeiros recordes para as companhias de petróleo.”
O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado totalizou 66,19 bilhões de reais entre julho e setembro, recuo de 27,6% versus o mesmo período do ano passado.
A receita de vendas da petroleira somou 124,83 bilhões de reais no trimestre, queda de 26,6% na comparação anual.
A empresa havia reportado no mês passado que suas vendas totais de petróleo, gás e derivados cresceram 6,4% no terceiro trimestre ante o mesmo período do ano passado, para 3,07 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), com vendas domésticas respondendo por 2,2 milhões de boed.
“Estamos trabalhando para a Petrobras crescer de forma sustentável e rentável. Tivemos um terceiro trimestre excelente com recordes operacionais no E&P (exploração e produção), no refino e no processamento de gás”, disse em nota o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
“Seguimos com a nossa estratégia comercial para os combustíveis, que vem se mostrando bem-sucedida, tornando a Petrobras mais competitiva no mercado e ao mesmo tempo permitindo períodos de estabilidade para o consumidor.”
Com o resultado, a Petrobras aprovou um pagamento de 17,5 bilhões de reais em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) aos acionistas.
COMPARAÇÃO COM MAJORS
A Petrobras destacou que apresentou menores perdas de fluxo de caixa operacional (FCO) e livre (FCL) na comparação com as empresas pares internacionais.
Segundo cálculos da companhia em dólar, enquanto as “majors” da indústria apresentaram uma redução média de 28% no FCO e 43% no FCL no acumulado dos nove meses em 2023 ante igual período do ano passado, a Petrobras reportou queda de 14% e 25% respectivamente.
Para o cálculo, a Petrobras considerou as petroleiras BP, Chevron, Equinor, Exxon, Shell e TotalEnergies.
“O desempenho operacional da companhia ajudou a mitigar as perdas por conta da queda do Brent”, disse a petroleira, pontuando que nos primeiros nove meses deste ano, a produção comercial de petróleo e gás da Petrobras cresceu 1%, ao passo que as majors tiveram, em média, redução de 3% de produção.
Considerando a produção total de óleo e gás no Brasil e no exterior, a Petrobras produziu uma média diária de 2,88 milhões de barris de óleo equivalente (boed) entre julho e setembro, alta de 8,8% ante o terceiro trimestre de 2022.
Com o “bom desempenho”, a petroleira elevou nesta quinta-feira a projeção de produção média total de óleo e gás neste ano para 2,8 milhões de boed, ante 2,6 milhões de boed previstos anteriormente.
A companhia encerrou o terceiro trimestre com uma dívida bruta de aproximadamente 61 bilhões de dólares, 5% acima do trimestre anterior, com impacto contábil da entrada em operação de plataforma afretada, mas ainda dentro do intervalo de referência entre 50 bilhões e 65 bilhões de dólares.
(Por Marta Nogueira; Reportagem adicional de Peter Frontini)
Fonte: Reuters