Jordan fracassa em nova votação para presidente da Câmara dos EUA; republicanos avaliam alternativa

O conservador Jim Jordan prometeu continuar tentando o cargo mais alto da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos depois de perder terreno em uma segunda votação nesta quarta-feira, enquanto seus pares republicanos começavam a avaliar uma alternativa.
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Jordan, que foi apoiado por Donald Trump, pelo segundo dia consecutivo não alcançou os 217 votos necessários para ocupar a cadeira vaga de presidente da Câmara, já que 22 republicanos e todos os 212 democratas votaram contra ele.
A Câmara está agora em seu 16º dia sem um líder, o que tem deixado a Casa incapaz de responder às guerras no Oriente Médio e na Ucrânia, ou de tomar medidas para evitar uma paralisação parcial do governo que começará em menos de um mês sem ação do Congresso.
O total de 199 votos de Jordan foi menor do que os 200 votos que ele obteve na terça-feira. Também representa menos votos do que Kevin McCarthy, que foi destituído da presidência da Câmara, obteve em qualquer uma das 15 rodadas de votação que ele enfrentou durante quatro dias em janeiro, antes de ser eleito presidente da Casa.
Os republicanos que controlam a Câmara por uma estreita maioria de 221 cadeiras contra 212 dos democratas não conseguiram se unir em torno de um candidato a presidente desde que uma pequena facção deles expulsou McCarthy em 3 de outubro.
Jordan disse que não desistiria, mas ainda não havia decidido se realizaria uma terceira votação.
“Continuaremos conversando com os membros e trabalhando nisso”, disse ele aos repórteres enquanto os republicanos se dirigiam a uma reunião a portas fechadas para considerar suas opções.
Mas outros republicanos disseram que era hora de considerar uma opção alternativa que daria mais poder ao deputado Patrick McHenry, que está ocupando interinamente a cadeira do presidente da Câmara.
“Não vejo mudanças no resultado”, disse o deputado Mike Lawler aos repórteres. “Precisamos dar poder a Patrick McHenry para servir como presidente temporário para que possamos fazer o trabalho do povo americano.”
Essa ideia foi lançada por republicanos e democratas, bem como por dois ex-presidentes da Câmara republicanos, Newt Gingrich e John Boehner.
Uma proposta apresentada pelo deputado republicano Mike Kelly nomearia McHenry como presidente da Câmara até 17 de novembro ou até que um presidente permanente seja escolhido, o que eliminaria a incerteza sobre sua capacidade atual de dirigir a Câmara. Isso também poderia dar mais tempo para Jordan conseguir apoio para o cargo depois disso.
Os democratas, cujo apoio provavelmente seria crucial, deixaram claro que querem Jordan, uma força motriz por trás de várias paralisações do governo, fora de cena.
OPONENTES REPUBLICANOS
Os partidários de Jordan afirmam que ele seria um defensor eficaz para o avanço das prioridades conservadoras em Washington, onde os democratas controlam a Casa Branca e o Senado.
“Acho que ninguém aqui, em qualquer questão de substância, teria que adivinhar qual será a posição de Jim Jordan. Ele não engana. Ele não dissimula. Ele simplesmente diz a você de forma direta”, disse o deputado republicano Tom Cole ao indicar Jordan para o cargo de presidente da Câmara antes da votação.
Mas outros republicanos votaram contra ele por vários motivos, inclusive suas posições sobre impostos, gastos e ajuda em caso de desastres, além das táticas de braço forte de seus partidários.
Além de McHenry, novas alternativas republicanas também poderão surgir se Jordan não conseguir apoio. Os republicanos que se opuseram a Jordan votaram em 10 candidatos diferentes, incluindo Boehner e dois outros que não atuam mais no Congresso.
Jordan, ex-treinador de luta livre, é um aliado próximo do ex-presidente Trump e fundador do Freedom Caucus (bancada da liberade) de extrema-direita.
Diferentemente dos líderes anteriores da Câmara, que ganharam influência arrecadando dinheiro e formando amplas coalizões, Jordan fez seu nome como líder vocal da extrema-direita do partido, enfrentando tanto democratas quanto republicanos.
Ele ajudou a levar o republicano Boehner à aposentadoria em 2015 e defendeu a paralisação do governo federal em 2013 e 2018.
Uma investigação do Congresso descobriu que Jordan foi um “ator importante” nas tentativas de Trump de reverter a vitória do democrata Joe Biden nas eleições de 2020.
Como presidente do Comitê Judiciário da Câmara, ele tem liderado investigações sobre a administração de Biden e é uma força motriz em um inquérito de impeachment contra o presidente que os democratas dizem ser infundado.
Fonte: Reuters