Investimentos da Shein no Brasil: Impactos nas varejistas locais
No final da semana passada, a Shein revelou seus planos de acelerar suas operações no Brasil nos próximos anos. A empresa planeja investir inicialmente R$ 750 milhões com o objetivo de aumentar a oferta de produtos de origem local.
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Essa iniciativa surge em meio a discussões sobre tributação e fiscalização mais rigorosas das remessas internacionais de empresas estrangeiras de comércio eletrônico para consumidores brasileiros.
Parte do investimento da Shein será direcionada para a criação de um moderno centro de produção têxtil no Brasil. Com essa iniciativa, a empresa pretende gerar até 100 mil novos empregos nos próximos três anos, conforme anunciado pela companhia.
Parcerias estratégicas e desafios da Shein para o mercado de varejo de vestuário
A Shein firmou um Memorando de Investimentos (MoU) com a Coteminas, uma têxtil brasileira, para estabelecer uma colaboração estratégica. Esse acordo envolve cerca de 2 mil clientes fabricantes de roupas da Coteminas, que se tornarão fornecedores da Shein nos mercados doméstico e latino-americano.
Além disso, a empresa visa alcançar 85% das vendas locais até o final de 2026, por meio de estoque próprio ou marketplace (1P ou 3P).
No entanto, analistas do Itaú BBA e Goldman Sachs destacam que a entrada da Shein no mercado brasileiro traz implicações complexas para os players domésticos de vestuário.
Embora possa representar maior concorrência, também traz um nivelamento do campo de jogo, pois ela estará sujeita às mesmas leis e regulamentações brasileiras.
Além disso, o mercado de varejo de vestuário no Brasil é dominado por empresas locais, com uma participação de mercado fragmentada, o que pode abrir espaço para a coexistência de grandes players.
No entanto, a construção de cadeias de suprimentos locais sólidas e confiáveis é um processo que requer tempo e esforço, como já observado por outras empresas do setor.
A Shein oferece uma abordagem diferenciada para o fast fashion, utilizando intensivamente a tecnologia para identificar tendências de produtos, com estoques limitados e prazos de entrega reduzidos.
Seus investimentos no Brasil visam transformar a cadeia de suprimentos local, digitalizando processos e capacitando a força de trabalho. No entanto, a extensão da vantagem de preço que a Shein poderia obter ao transferir seu fornecimento para fornecedores locais ainda não está clara.
Diante dessa maior concorrência, empresas de varejo como Marisa, C&A e Renner, segundo a Genial Investimentos, podem enfrentar a necessidade de comprometer margens para lidar com a presença cada vez mais forte da Shein no mercado nacional.