Expectativas altas para o mercado no encerramento de 2023: Será que o Fed será o estraga-prazeres?
No encerramento do terceiro trimestre de 2023, o principal índice da bolsa brasileira, Ibovespa, apresentou 116.565 pontos, indicando uma queda de 1,29% no período.
Embora houvesse um crescimento acumulado de 6,22% no ano, este recuo trimestral revelou tensões no setor financeiro. Inicialmente, havia esperança sobre uma queda na taxa Selic, mas o foco mudou para as taxas de juro internacionais, com destaque para as tendências nos Estados Unidos.
A Economia dos EUA e Seu Reflexo no Brasil
A crescente especulação de que o Federal Reserve (Fed) dos EUA poderia elevar suas taxas de juros até o intervalo de 5,50% a 5,75% no término de 2023 causou ondas de resposta globais.
Naturalmente, o Brasil não ficou imune a essas mudanças. A visão de uma inflação crescente nos EUA, acompanhada por uma postura mais estrita do Fed, gerou dúvidas.
Segundo Magdalene Teo, da Julius Baer, “A alta nos preços do petróleo levou a uma reavaliação das expectativas de inflação para cima, enquanto um Fed mais hawkish alimentou a crença dos investidores de que as taxas permanecerão altas por mais tempo.”
Dinâmicas do Mercado Norte-Americano
No cenário internacional, o alarme quanto à saúde fiscal dos EUA e o aumento contínuo de sua dívida pública ganharam destaque. Os índices de referência dos EUA – Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq – demonstraram desempenhos preocupantes.
Quando as taxas de juros sobem nos EUA, frequentemente provocam instabilidade no mercado brasileiro, levando ao esvaziamento de capital estrangeiro dos investimentos de risco em economias emergentes, como a nossa.
Contrastes nas Expectativas de Mercado
O mercado financeiro é, muitas vezes, palco de debates intensos sobre futuras trajetórias econômicas.
Por exemplo, Ray Dalio demonstrou apreensões sobre os títulos de dívida dos EUA, observando a volatilidade desses ativos em relação a alterações nas taxas de juros.
Ele ressaltou que “muitos títulos do Tesouro dos EUA são prefixados”, sugerindo riscos em um ambiente de taxas ascendentes.
Em contrapartida, especialistas da Julius Baer antecipam possíveis cenários mais favoráveis, expressando a opinião de que a economia norte-americana seguirá uma passagem equilibrada e que “o bull market ainda está vivo”.
Projeções e Desafios no Horizonte Brasileiro
Em termos nacionais, apesar das turbulências vindas do exterior, o sentimento predominante é de confiança. Especialistas veem valor nas empresas que compõem o Ibovespa.
Tiago Cunha, da Ace Capital, pontuou: “Os ativos do Ibovespa, por agora, nos parecem bem comprimidos nos preços.” Enquanto isso, o boletim Focus permaneceu estável em suas projeções para a Selic nos próximos anos.
Previsões Otimistas com Reservas da XP Investimentos
A XP Investimentos, reconhecida no mercado financeiro, manteve uma visão geral favorável para o Ibovespa, projetando seu fechamento para o final de 2023.
Contudo, ajustou sua projeção inicial de 130 mil pontos para 128 mil pontos. Tal revisão considerou, em parte, a postura rigorosa adotada pelo Fed e as inquietações relativas à inflação.
A XP também sublinhou desafios internos, focando em dilemas fiscais e na incerteza em relação à habilidade do governo brasileiro de cumprir metas fiscais previstas para 2024.
