Ex-ministro: Lula Demonstra Receio e Cede ao Mercado

O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega afirmou nesta terça-feira (4) que o PT possui conceitos antiquados em relação à gestão da economia, mas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem “receio” do mercado.

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Ex-ministro: Lula Demonstra Receio e Cede ao Mercado. (Reprodução/Internet)

Durante um evento para investidores realizado pela Warren Investimentos em São Paulo, o ex-ministro do governo de José Sarney avaliou que Lula está disposto a rever suas posições caso perceba possíveis efeitos negativos.

O sócio da Tendências Consultoria alertou sobre os riscos de aumento de despesas por parte do governo federal na tentativa de alavancar sua popularidade.

Maílson da Nóbrega destacou que há a possibilidade de, quando a campanha para reeleição começar em 2026, o presidente tente aumentar os gastos, mas ressaltou que as circunstâncias atuais são diferentes do tempo da ex-presidente Dilma Rousseff.

“Nesse sentido, há dois principais fatores a considerar: em primeiro lugar, o fato de o Congresso ser majoritariamente conservador e representar uma barreira contra tentativas de violação das normas”, afirmou durante o evento mediado pelo economista-chefe da Warren, Felipe Salto.

“Em segundo lugar, o PT possui uma concepção ultrapassada sobre a economia, mas Lula tem medo do mercado. Se ele perceber que suas ações estão resultando em desvalorização cambial, fuga de capitais, e colapso da Bolsa, ele irá rever sua estratégia”, acrescentou.

Nóbrega exemplificou a repercussão negativa da terceira tentativa do presidente de alterar a meta de inflação durante o terceiro mandato.

Caso o governo opte por aumentar os gastos, isso poderia abrir caminho para o retorno da direita ao poder, mesmo que não necessariamente representada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo a análise do economista.

Ele também salientou que o PT é o maior partido de esquerda que ainda não modernizou seu discurso econômico.”Se olharmos para a social-democracia europeia, que teve início no século 19 na Alemanha, percebemos que ela evoluiu”, disse.

“Antigamente, defendia a ditadura do proletariado e a estatização dos meios de produção, algo comunista. Hoje, vemos uma esquerda europeia democrática que compreende os mercados.

“Nóbrega opinou que, em contrapartida, o PT continua a acreditar que o crescimento econômico é impulsionado pelo gasto, e que Lula atualmente não conta com a mesma equipe de seu primeiro mandato, destacando que a equipe atual do governo é consideravelmente fraca, com exceções honrosas.

Como ex-ministro da Fazenda no final do governo Sarney, de 1988 a 1990, um período turbulento para a economia brasileira, especialmente em relação ao descontrole inflacionário anterior ao Plano Real, Nóbrega adotou uma abordagem menos ambiciosa focada em conter expectativas, chamada de “feijão com arroz”.

Ao analisar o cenário atual, ele observa que o Brasil se tornou uma economia afetada pelo baixo crescimento e que os diversos governos que se sucederam se acostumaram com essa realidade.”Há duas razões para esse desempenho medíocre: a queda na produtividade e uma situação fiscal altamente preocupante, quase insustentável”, alertou.

Nóbrega mencionou o período em que o país cresceu a um ritmo chinês entre 1967 e 1973, com uma média de 11,1% ao ano. Atualmente, essa média é a metade, mas em um período de uma década.

O economista também ressaltou que a contenção dos gastos obrigatórios é uma medida essencial para que o Orçamento possa retomar seu papel na definição de prioridades.

Ele reforçou a gravidade do problema fiscal brasileiro e destacou a necessidade de uma mudança estrutural, apontando que os mecanismos existentes no arcabouço fiscal são insuficientes para reverter o cenário atual.

Neste contexto, ele citou o caso dos gastos vinculados à educação, onde há situações de escolas com apenas três alunos em cidades que são obrigadas a destinar 25% de seus recursos para essa finalidade, resultando em uma alocação ineficiente de verbas.

O ex-ministro também expressou pessimismo em relação ao atual governo, argumentando que não identifica nele a vontade necessária para enfrentar os gastos obrigatórios e restabelecer o Orçamento como uma ferramenta crucial na definição do rumo do país.

 

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