Dólar tem nova queda frente ao real com alívio contínuo nos rendimentos dos EUA
O dólar engatava nova queda frente ao real nesta quarta-feira, em linha com a continuidade do alívio no exterior em meio ao arrefecimento dos rendimentos dos Treasuries, depois que algumas autoridades do Federal Reserve reduziram temores de juros mais altos por mais tempo.
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Às 10h31 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,24%, a 5,0441 reais na venda, uma vez que o rendimento do Treasury de dez anos -referência global para decisões de investimento – caía 6,60 pontos-base, a 4,5891%.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,35%, a 5,0590 reais.
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 5,0562 reais na venda, em baixa de 1,47%, maior recuo em um único dia desde 23 de agosto deste ano (-1,63%). Nas últimas três sessões completa, a moeda acumulou queda de 2,18%.
“Há algumas semanas a gente viu uma movimentação de valorização muito forte no dólar, com a expectativa de que o Fed ainda teria de subir muito taxa de juros para controlar a inflação”, explicou Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital. “Mas, de uns dias para cá, a situação melhorou um pouco… houve reinterpretação dos dados e, no início desta semana, o vice-chair do Fed trouxe um tom um pouco menos agressivo, tentando apaziguar um pouco.”
Autoridades do Federal Reserve, incluindo o vice-chair Philip Jefferson, indicaram na segunda-feira que o aumento dos rendimentos dos Treasuries de longo prazo, que influenciam diretamente os custos de financiamento para famílias e empresas, poderia desviar o Fed de novos aumentos em sua taxa básica de curto prazo.
Com foco total na trajetória de política monetária do Fed, investidores aguardam agora importantes dados de preços ao consumidor dos EUA de quinta-feira, disse Izac. “Apesar dos mercados fechados no Brasil na quinta-feira (para o feriado do Dia de Nossa Senhora Aparecida), esse dado vai influenciar a dinâmica do dólar daqui para frente”, afirmou ele.
Apesar das boas notícias vindas dos Estados Unidos, investidores ainda mostravam alguma cautela em relação ao conflito no Oriente Médio. Israel bombardeou Gaza durante a noite, antes de um possível ataque terrestre contra o Hamas, em retaliação à invasão de atiradores do grupo islâmico palestino no sábado.
“Se o Irã se envolver e entrar na guerra, o petróleo vai ganhar muita força e o dólar e ouro vão ganhar muito valor. Até então o mercado está acreditando que isso não vai acontecer, mas não é risco a se descartar”, avaliou Izac.
No Brasil, investidores reagiram positivamente a dados que mostraram alta menor do que a esperada do IPCA em setembro.
“Entendemos que a leitura do IPCA de setembro foi mais positiva que a leitura do IPCA-15 e mantém a narrativa de desinflação gradual em comparação às divulgações anteriores de inflação. Para fins de política monetária, o dado de hoje reforça a manutenção do ritmo de corte de juros de 0,50 ponto percentual por reunião”, disse em nota o time de estratégia macro do BTG Pactual.
Muitos participantes no mercado têm pontuado que, se o Copom continuar cortando os juros no ritmo atual, a Selic – atualmente em 12,75%, após dois cortes de 0,50 ponto percentual – ainda continuará em patamar suficientemente restritivo para apoiar a atratividade do real por um bom tempo.
Juros mais altos do Brasil tornam a moeda local interessante para uso em estratégias de “carry trade”, que consistem na tomada de empréstimo em país de juro baixo e aplicação desse dinheiro em um mercado mais rentável, de forma que se lucra com o diferencial de taxas.
Fonte: Reuters