Dólar avança frente ao real em linha com cautela externa antes de dados dos EUA
O dólar subia frente ao real nos primeiros negócios desta segunda-feira, acompanhando a manutenção da força da divisa norte-americana no exterior antes de uma enxurrada de dados econômicos desta semana.
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Investidores trabalham com perspectiva de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos, enquanto dados fracos da zona do euro ajudam a minar a confiança internacional.
Às 10h11 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,65%, a 5,0598 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,46%, a 5,0795 reais.
“É uma semana bem movimentada, principalmente porque se refere à divulgação de dados nos Estados Unidos, e, querendo ou não, o que nos puxa para tentar traçar uma estratégia é se vai haver ou não um aumento de juros próximo ou mais para o final do ano (nos EUA)”, disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
“Vamos aguardar os dados serem divulgados para a gente ter uma noção um pouco melhor de para onde vai esse dólar.”
Ao longo desta semana, serão divulgados dados de indústria, serviços e mercado de trabalho nos EUA, com destaque para o relatório de abertura de vagas fora do setor agrícola, agendado para sexta-feira, que será acompanhado de perto pelo Federal Reserve.
A divisa norte-americana tem vivido nas últimas sessões um rali em relação a uma cesta de partes fortes, depois que o Federal Reserve indicou aos mercados no mês passado que manterá os juros altos por mais tempo de forma a combater a inflação.
Quanto mais altos os juros nos EUA, mais o dólar tende a se valorizar globalmente, uma vez que os rendimentos dos Treasuries ficam atraentes quando comparados aos retornos de títulos emergentes, de risco muito maior.
O acordo de última hora no Congresso norte-americano para evitar uma paralisação do governo chegou a aliviar momentaneamente a confiança global nesta segunda-feira, mas, além da expectativa pelos dados dos EUA desta semana, uma leitura muito fraca da atividade fabril da zona do euro amargou o apetite por risco dos mercados.
Apesar do ambiente internacional conturbado, “o real permanece atrativo, considerando os altos níveis de taxa de juros e os fundamentos, embora a força do dólar possa atrasar uma recuperação da moeda brasileira”, avaliou Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury.
A taxa Selic está atualmente em 12,75%, e, embora o Banco Central esteja no meio de um ciclo de afrouxamento, a política monetária deve permanecer restritiva por um bom tempo, mantendo os retornos oferecidos em real atraentes para investidores estrangeiros.
Na última sessão, na sexta-feira, o dólar à vista fechou o dia cotado a 5,0273 reais na venda, em baixa de 0,25%.