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SUA VISÃO É UMA PROVOCAÇÃO?
A terceira e úItima construção essencial da identidade organizacional é a de Visão. Se Valores significam quem eu sou, e Missão, o que eu faço, Visão é o que o eu quero atingir. É o meu alvo. Minha métrica de sucesso.
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Existe uma metáfora comum para a Visão que é a de sonho. Não gosto desta metáfora. Considero Visão e Sonho de naturezas diferentes. Para mim, uma Visão é antes de tudo uma provocação. Uma ou mais. Uma ou mais proposições provocativas.
Nas palavras do Professor David Cooperider, da Case Western University: “Uma proposição provocativa e uma declaração que cria uma ponte entre o mel hor do ’que já é’ com nossa especulação ou insight ’do que deveria ser’. Ela é provocativa ao ponto de estender o reino do status quo, desafiar premissas comuns e rotinas, e sugerir possibilidades reais que representam possibilidades desejadas para a organização e suas pessoas”.
Em 1994 Collins & Porras criaram um conceito que adoro chamado BHAG — Big Hairy Audacious Goal, (algo como “Objetivo Audacioso, Grande e Cabeludo”).
O conceito foi publicado pela primeira vez no artigo da HBR “Building Your Company’s Vision” [1996]. Um BHAG é algo que é nascido da vontade, da coragem, da audácia, mas que acima de tudo é um Objetivo. Que nos desafia a realizá-lo. Que nos impulsiona nas horas de desânimo.
Começou com um filme.
Assisti a sequencia inicial de Missão Impossível II e falei pra mim mesmo “quero fazer isto um dia!” Só que tinha um problema : para fazer “isto” eu teria que virar um alpinista. E isto não seria fácil . Mas eu tinha sido provocado. . .
Visão, por mais paradoxal que possa parecer, não é imutável, é um alvo móvel que se constrói da parte para o todo. Uma visão, para ser realmente útil como um destino a ser alcançado, deve ter muito foco.
E isto passa por entender claramente quais são as áreas chaves de resultado onde teremos que colocar o máximo de nossa atenção na construção deste futuro. E cada uma destas partes tem que ser cuidadosamente refletida e refinada à medida do avanço. Em pouco tempo descobri que o que eu realmente queria se chamava escala da esportiva.
Que eu não queria fazer expedições ou aprender técnicas exóticas como dormir pendurado, escalar gelo ou cavernas — queria uma diversão de fim de semana. Que não queria aprender grandes técnicas artificiais — queria subir usando a rocha como apoio e meu corpo como ferramenta.
Pouco a pouco minha Visão foi ganhando dimensões de desenvolvimento, detalhes, métricas… E meu esforço se direcionando.
Os equipamentos estariam lá apenas para segurança. Entendi que não queria fazer parte de uma comunidade de alpinistas — contrataria guias especializados quando necessário. Defini o quanto de risco queria correr (não era muito…). Sua forma foi se alterando, ficando mais palpável, mais acionável, a cada dia. O plano para realizá-la foi ganhando corpo, prazo, orçamento. Meu entusiasmo cresceu. O pensamento voltava, repetido, vá rias vezes por dia.
Para conseguir escalar tive que ficar forte fisicamente. A ponto de conseguir sustentar meu peso com dois dedos durante vários segundos ou de me elevar usando apenas o dedão de um pé como ponto de impulso.
Tive que aprender a manejar equipamentos estranhos com as pontas dos dedos, com as mãos para trás do corpo, no frio, no vento. Tive que aprender a dar nós e calcular quanto uma corda iria distender se eu caísse. Tive que aprender a ler mapas e vias.
Tive que ler livros, manuais e ouvir muitas orientações de pessoas mais experientes. Machuquei-me um bocado! E um dia, enfim, tive que ter a coragem de me apresentar ao pé da montanha um pouco antes do nascer do sol…
No fim, cheguei lá do meu jeito, dentro dos limites em que consegui desenvolver minhas competências, com enorme prazer, proporcional ao esforço realizado. Minha visão não era mais uma descrição abstrata de um futuro improvável, um desejo ou um sonho. Era real. Era bastante diferente da cena do filme que a inspirou, mas era a minha expressão de sucesso.
Visões obviamente mudam com o tempo. Afinal, são objetivos. Quando são alcançados ou quando não definem mais uma direção desejada, está na maior parte do tempo são relativamente de curto prazo.
Depende um pouco do ritmo do setor (visões de empresas de petróleo serão mais longas do que empresas de software), mas dificilmente passarão de 10 anos de horizonte. A maior parte será bem mais no curto prazo que isto. Dos três elementos, Visão é o mais descartável. Assim que deixa de ser útil como provocação deve ser trocada sem apego.