CEO da Apple ganha US$41 mi com maior venda de ações em dois anos
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O presidente-executivo da Apple, Tim Cook, realizou sua maior venda de ações em dois anos, arrecadando US\$ 41,5 milhões líquidos após o pagamento de impostos, segundo um documento oficial registrado junto à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC). A operação envolveu a venda de 511 mil ações da empresa, que totalizavam aproximadamente US\$ 87,8 milhões antes dos descontos fiscais.
A última transação de grande porte realizada por Cook havia ocorrido em agosto de 2021, quando ele obteve US\$ 355 milhões com a venda de ações. Mesmo após a nova venda, o CEO da Apple continua com uma participação significativa na companhia, detendo cerca de 3,3 milhões de ações, avaliadas atualmente em cerca de US\$ 565 milhões, conforme dados do mesmo documento.
O movimento ocorre em um momento de instabilidade no mercado para a Apple. Desde que atingiu seu recorde histórico de US\$ 198,23 por ação em julho, os papéis da empresa recuaram cerca de 13%. A queda reflete a crescente preocupação dos investidores com uma recuperação econômica mais lenta do que o esperado e a redução da demanda global por smartphones — principal fonte de receita da gigante de tecnologia.
No mês passado, a Apple lançou sua nova linha de iPhones, a série iPhone 15, mantendo os mesmos preços das versões anteriores. A decisão foi vista por especialistas do setor como uma estratégia para estimular a demanda diante de um cenário global mais contido, marcado por inflação elevada, menor apetite do consumidor e ciclos de troca de aparelhos mais longos.
Apesar da expectativa inicial em torno do lançamento, as ações da Apple recuaram 0,6% nas negociações pré-mercado nesta quarta-feira, em meio a um rebaixamento da recomendação das ações por parte da corretora KeyBanc Capital Markets. A avaliação foi revisada de “overweight” para “sector-weight”, indicando uma perspectiva mais cautelosa sobre o desempenho futuro da empresa.
De acordo com os analistas da KeyBanc, as vendas da Apple nos Estados Unidos — que representam o maior mercado geográfico da companhia — devem desacelerar ainda mais no quarto trimestre. Eles apontam que o número de usuários dispostos a atualizar seus aparelhos está em queda, pressionado por fatores como o aumento do custo de vida e a persistência da inflação, que reduz o poder de compra dos consumidores.
Apesar dos desafios, a Apple mantém sua posição de liderança no setor de tecnologia e uma base sólida de usuários fiéis. No entanto, a combinação entre menor crescimento, pressão macroeconômica e movimentações internas — como a venda significativa de ações por parte do CEO — deve manter os investidores atentos ao desempenho da empresa nos próximos trimestres.
(Reportagem de Chavi Mehta e Akash Sriram)
Fonte: Reuters