Bolívia enfrenta escassez de água conforme onda de calor no inverno provoca seca
Anúncios

Seca extrema e calor recorde ameaçam o abastecimento de água na Bolívia
A Bolívia enfrenta uma grave crise hídrica, agravada por uma seca prolongada e por um dos invernos mais quentes já registrados no país. O impacto das mudanças climáticas é evidente e ameaça o fornecimento de água potável em diversas regiões, incluindo El Alto, cidade localizada a cerca de 4 mil metros acima do nível do mar, próxima à capital La Paz.
O fenômeno está diretamente relacionado ao derretimento acelerado das geleiras dos Andes bolivianos, que servem como fontes vitais de água doce para regiões úmidas, nascentes e reservatórios. Com a redução no volume de gelo, a capacidade de abastecimento hídrico tem diminuído de forma preocupante, forçando o governo e as autoridades locais a adotarem medidas de racionamento de água.
Racionamento afeta vida cotidiana de moradores
Em El Alto, uma cidade com aproximadamente 1 milhão de habitantes, o acesso à água se tornou limitado e controlado por horários. Moradores como Bertha Apaza relatam dificuldades cotidianas: “Temos horários para receber água, não temos o suficiente para cozinhar ou lavar roupa e muito menos tomar banho”, afirmou. Para muitos, essa nova realidade representa um choque direto causado pelas mudanças climáticas, que têm tornado os eventos extremos cada vez mais frequentes.
A situação é ainda mais crítica considerando que grande parte da população de El Alto tem origem rural, vinda de comunidades que vivem da agricultura e da criação de animais. A escassez de água não afeta apenas o consumo doméstico, mas também compromete a subsistência de milhares de famílias que dependem da terra e da produção de alimentos.
Impacto climático em escala regional
As temperaturas registradas em agosto e setembro — tradicionalmente meses mais amenos — atingiram níveis históricos. A Bolívia experimentou picos de calor incomuns, e áreas outrora férteis foram reduzidas a pó, incapazes de sustentar qualquer tipo de cultivo. A situação se estende por outros países vizinhos como Brasil, Paraguai e Peru, que também enfrentaram ondas de calor fora de época. Grandes partes do Hemisfério Sul, incluindo o sudeste da Austrália, foram atingidas por temperaturas recordes no final do inverno e início da primavera, revelando uma tendência global alarmante.
Mudanças climáticas agravam desigualdades sociais
A crise hídrica na Bolívia é um reflexo direto da emergência climática global e escancara a vulnerabilidade de comunidades em regiões de alta altitude e baixa renda. Com o colapso ambiental ameaçando o acesso a recursos básicos, como água potável, cresce a necessidade de ações coordenadas em nível nacional e internacional para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e proteger populações inteiras da escassez e da insegurança.
(Reportagem de Monica Machicao, Santiago Limachi, Sergio Limachi, Daniel Ramos)