Campos Neto: Selic de 10,5% é alta, mas adequada para equilíbrio econômico

Campos Neto Afirma que Juros a 10,5% São Suficientes para Levar Inflação à Meta no Longo Prazo
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a projeção alternativa de inflação apresentada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) indica que a taxa Selic, atualmente em 10,5% ao ano, é “suficientemente alta” para levar a inflação de volta à meta oficial, desde que analisada em um horizonte mais longo. A declaração foi feita em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada nesta sexta-feira.
“Já houve no passado momentos em que a gente desenhou os cenários alternativos para mostrar que a taxa de juros é suficientemente alta, que num período mais longo ela traz a inflação para a meta”, destacou Campos Neto.
Segundo ele, a divulgação desse cenário visa esclarecer a comunicação com o mercado, especialmente em um momento em que há ruído em torno das projeções de curto prazo. O presidente do BC reforçou que a intenção foi oferecer aos agentes econômicos informações adicionais que ajudem na leitura da política monetária.
A projeção alternativa apresentada pelo Copom serviu como contraponto aos questionamentos sobre a eficácia dos juros atuais para o controle da inflação, especialmente diante da pressão dos núcleos inflacionários e das incertezas fiscais e externas. Campos Neto ressaltou que esse tipo de projeção já foi utilizado anteriormente para reforçar a confiança na condução da política monetária.
Em relação à comunicação recente do BC, ele também comentou o uso da palavra “interrupção” para definir o fim do atual ciclo de cortes na Selic. A escolha do termo, segundo Campos Neto, foi feita de forma estratégica:
“Usamos a palavra ‘interrupção’ porque ela representa da melhor forma o objetivo de não dar guidance aos participantes do mercado.”
Ou seja, o Banco Central optou por uma linguagem que evita criar expectativas rígidas sobre os próximos passos da política monetária, preservando a flexibilidade da instituição diante de novos dados econômicos.
A declaração de Campos Neto reforça o entendimento de que o BC busca manter credibilidade, previsibilidade e transparência em sua comunicação, ao mesmo tempo em que preserva a autonomia para reagir de forma técnica e responsável aos desafios inflacionários e macroeconômicos em curso.