Brasil tem fluxo cambial negativo de US$1,671 bi em setembro
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O Brasil registrou em setembro um fluxo cambial total negativo de US$ 1,671 bilhão, marcando o primeiro resultado mensal no vermelho desde maio deste ano, quando houve saída líquida de US$ 1,157 bilhão, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo Banco Central. Os números são preliminares e integram as estatísticas de câmbio contratado, que consideram operações efetivamente liquidadas no período.
O resultado negativo de setembro foi fortemente influenciado pelo canal financeiro, que apresentou saídas líquidas de US$ 5,035 bilhões. Esse canal abrange operações como investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucros, pagamento de juros e outras movimentações financeiras internacionais. A forte saída líquida registrada nesse segmento reflete fatores como maior aversão ao risco por parte de investidores, ajustes de portfólios internacionais e remessas de lucros ao exterior por empresas multinacionais.
Em contrapartida, o canal comercial — responsável pelas operações de exportação e importação de bens — apresentou saldo positivo de US$ 3,364 bilhões em setembro, mostrando que a balança comercial continua contribuindo para entrada líquida de dólares no país. O superávit comercial, impulsionado principalmente pelas exportações de commodities, tem sido um dos principais sustentáculos do fluxo cambial positivo ao longo do ano.
Apesar do desempenho negativo no mês, o dado semanal mais recente (de 25 a 29 de setembro) indicou uma entrada líquida de US$ 3,123 bilhões, sinalizando alguma recuperação na reta final do mês. Esse movimento pode ter sido influenciado por operações pontuais, como ingressos de recursos para cobertura de importações, contratos de exportação, ou reposicionamentos de investidores internacionais.
No acumulado do ano até o final de setembro, o Brasil ainda mantém um fluxo cambial total positivo de US$ 20,653 bilhões, o que demonstra um cenário ainda favorável na comparação com anos anteriores, principalmente diante da solidez das contas externas e do desempenho das exportações.
O comportamento do fluxo cambial continua sendo um indicador importante para os mercados, especialmente no contexto de volatilidade global, variação da taxa de juros norte-americana e dinâmica do dólar, que podem impactar decisões de alocação de capital estrangeiro no país. A atenção do mercado permanece voltada para os desdobramentos fiscais internos, a trajetória da taxa Selic, e o desempenho da balança comercial nos últimos meses do ano.
Fonte: Reuters