Cenário internacional passou de incerto para adverso, diz diretor do BC

 

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Cenário internacional passou de incerto para adverso, diz diretor do BC

BC Vê Cenário Internacional como “Adverso” e Mantém Cautela Apesar de Economia Doméstica em Linha, Diz Diogo Guillen

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Diogo Guillen, afirmou nesta quinta-feira (9) que a avaliação da autoridade monetária sobre o cenário internacional passou de “incerto” para “adverso”, diante de fatores como a resiliência dos núcleos de inflação globais, tensões geopolíticas e o aumento dos rendimentos dos Treasuries nos Estados Unidos.

Durante sua participação na Conferência Itaú Macro Vision, Guillen destacou que o ambiente externo se deteriorou nos últimos meses, tornando o contexto internacional mais desafiador para a condução da política monetária brasileira. Em especial, os juros longos norte-americanos em patamares elevados têm impactado os fluxos de capitais e aumentado a aversão ao risco nos mercados emergentes.

“O cenário internacional mudou de incerto para adverso. Isso se deve à persistência da inflação nos países desenvolvidos, aos conflitos geopolíticos em curso e ao comportamento dos juros de longo prazo nos EUA”, afirmou Guillen.

Cenário Doméstico Está “Em Linha” com Expectativas

Por outro lado, o diretor afirmou que o cenário doméstico segue em linha com o esperado pelo Banco Central. Ele comentou que o desempenho surpreendentemente forte da atividade econômica no primeiro semestre de 2023 pode ser explicado, em parte, pela alta das commodities e por uma política monetária menos contracionista do que se imaginava inicialmente, dado o forte crescimento mesmo com juros elevados.

“A taxa de juros, mesmo elevada, talvez tenha sido menos contracionista do que se previa. E o avanço de commodities também contribuiu para esse crescimento acima do esperado”, explicou.

A taxa Selic, que permaneceu em 13,75% por cerca de um ano, começou a ser reduzida em agosto de 2023. Atualmente está em 12,25% ao ano, patamar ainda considerado restritivo para o crescimento econômico e o crédito, mas já dentro de um ciclo de afrouxamento monetário gradual, condicionado ao comportamento da inflação e às incertezas do cenário internacional.

Mensagem de Cautela e Gradualismo

As declarações de Guillen reforçam o tom cauteloso que o Banco Central vem adotando em suas comunicações recentes. Embora o ambiente doméstico mostre sinais de equilíbrio, com a inflação em queda e a atividade mais resiliente, a deterioração do cenário externo exige prudência na condução da política monetária, especialmente diante de choques geopolíticos e incertezas quanto ao comportamento da inflação global.

A sinalização do diretor indica que o ritmo de cortes da Selic deve continuar sendo de 0,50 ponto percentual por reunião, como já foi precificado pelo mercado, a menos que haja mudanças relevantes nos dados econômicos ou nas condições externas.

Em resumo, o BC segue monitorando o equilíbrio entre controle da inflação, estímulo à economia e estabilidade financeira, em um momento em que o Brasil se destaca por já ter iniciado o ciclo de queda dos juros, mas ainda precisa lidar com pressões externas e ruídos fiscais internos.

 

(Por Fernando Cardoso e Luana Maria Benedito)

Fonte: Reuters

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