Eletrobras vê oportunidade de vender energia, acelera acordos do compulsório
A Eletrobras enxerga um cenário mais favorável para venda de energia elétrica disponível em seu portfólio, após mais de um ano de preços no piso regulatório e sem perspectiva de volatilidade, o que deve ajudar a desenvolver os negócios de sua nova área de comercialização, disseram executivos da companhia nesta quarta-feira.
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Em teleconferência para comentar os resultados do terceiro trimestre, o CEO Ivan Monteiro disse que a Eletrobras “não tem medo” da discussão sobre os níveis de preços da energia, que seguem baixos desde o ano passado devido às boas condições hidrológicas e à expectativa de sobreoferta de energia diante do crescimento fraco do consumo.
A Eletrobras vem sofrendo com esse cenário de preços baixos porque, após a privatização, passou a ter um volume grande de energia de suas hidrelétricas “descotizada”, isto é, disponível para ser vendida a clientes do mercado livre. Antes, essa energia estava contratada no mercado regulado, a preços fixos.
O diretor financeiro, Eduardo Haiama, observou que os preços spot da energia começaram a registrar maior volatilidade no “intraday” em setembro, quando o Brasil viu um aumento da carga em meio à onda de calor, ao mesmo tempo em que havia menos geração no sistema com restrições às renováveis e parada de Angra 2.
“Ao final desse período todo, o preço (de referência) subiu mais ou menos 20% em cada um dos anos (de 2024 até 2027)… Mostra um pouco desse efeito volatilidade que não estava sendo precificado.”
Haiama disse ainda que a Eletrobras “não tem pressa” para contratar seu portfólio, embora tenha afirmado que, no terceiro trimestre, a companhia teve que “correr atrás” de vender energia diante da decisão de alguns clientes eletrointensivos de pedir rescisão contratual.
Esse movimento de rescisão, para o qual a empresa já havia alertado em maio deste ano, refere-se a contratos firmados no âmbito da Lei 13.182/15 envolvendo 1.241 MW médios de energia das usinas hidrelétricas Sobradinho e Itumbiara.
Apesar dessa saída de clientes, o vice-presidente de comercialização, Ítalo Freitas, explicou que o efeito para a companhia não chega a ser negativo, uma vez que os preços que a Eletrobras efetivamente recebia por esses contratos eram baixos, de menos de 100 reais por megawatt-hora.
COMPULSÓRIOS
Outra frente prioritária para a Eletrobras no momento é a redução dos passivos contingentes bilionários com o empréstimo compulsório. No terceiro trimestre, a companhia conseguiu reduzir esse estoque em 3,085 bilhões de reais, chegando a 19,056 bilhões de reais.
“A gente vai continuar perseguindo isso, a gente continua com a mesma intensidade de buscar uma redução nessa rubrica ao longo do ano de 2024”, destacou, afirmando ainda que as negociações para encerrar esses litígios têm resultado em deságios até melhores do que os previstos pela companhia.
“À medida que a gente avança nos acordos de empréstimo compulsório, nós vamos liberando ações que foram dadas em garantia… A gente está aumentando a parcela de ações que agora estão sendo liberadas e ficam disponíveis para fazer parte da gestão de portfólio”, acrescentou.
INVESTIMENTOS E AQUISIÇÕES
Ainda durante a teleconferência, Monteiro afirmou que a companhia está acelerando os investimentos em sua carteira de ativos existentes, especialmente em transmissão de energia elétrica, e não priorizará no momento grandes movimentos de aquisição.
“Mas não esperem da Eletrobras grandes aquisições, ativos no exterior, nesse momento isso não é uma prioridade. A prioridade é nos ativos existentes, que são de extrema qualidade, buscar a sua modernização e novamente ‘linkar’ com a agenda de busca de eficiência”, afirmou.
(Por Letícia Fucuchima)
Fonte: Reuters