Ibovespa titubeia com receio fiscal e queda de Petrobras
O Ibovespa perdeu fôlego nesta segunda-feira e operava no negativo, após subir mais cedo, uma vez que preocupações com o quadro fiscal brasileiro voltavam a minar o sentimento de agentes financeiros, enquanto o declínio das ações da Petrobras também pesava.
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Às 13:04, o Ibovespa caía 0,26 %, a 113.011,96 pontos. Na máxima, mais cedo, chegou a 114.204,07 pontos. Na mínima, caiu a 112.506,72 pontos. O volume financeiro somava 8,3 bilhões de reais.
O ministro da Fazenda disse nesta segunda-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao afirmar na semana passada que a meta fiscal zero de 2024 dificilmente será alcançada, não está “sabotando o país”, mas constatando problemas que precisam ser “reformados e saneados”.
Para Fernando Haddad, o patamar alto dos juros e a manutenção de gastos tributários exagerados nos últimos anos são as causas da erosão da base fiscal.
“A leitura do mercado é que a falta de um comprometimento maior por parte do governo com o déficit zero em 2024, via contingenciamento de gastos, pressionará ainda mais por arrecadação”, disse o sócio e gestor de ações da Ace Capital Tiago Cunha.
“A indicação de que o equilíbrio se dará através do aumento da carga tributária, pelo fim de alguns programas de incentivo fiscal, reduz a previsibilidade sobre o ‘timing’ da aprovação das medidas e o impacto direto nos setores que terão aumento na tributação”, acrescentou ele.
Na sexta-feira, as declarações de Lula pressionaram os ativos brasileiros. O Ibovespa fechou em queda de mais de 1%, em uma sessão também marcada por uma bateria de notícias corporativas e desempenho misto em Wall Street.
Haddad ainda revelou que Lula decidiu indicar o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Paulo Picchetti e o servidor de carreira Rodrigo Alves Teixeira para ocuparem cargos de diretores do Banco Central a partir de 2024.
Investidores da bolsa paulista também estão na expectativa das decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil, que serão conhecidas na quarta-feira.
Em Wall Street, o S&P 500 avançava 0,82%, a 4.151,12 pontos, também se afastando da máxima da sessão.
De acordo com a equipe da Ágora Investimentos, a penúltima sessão de outubro começa com um tom mais positivo nos mercados internacionais, embora sem uma contrapartida fundamental para esse movimento.
“Pelo contrário, além da escalada do conflito no Oriente Médio, as próximas sessões reservam uma série de eventos com potencial de gerar volatilidade, como as decisões de bancos centrais nos Estados Unidos, Brasil, Japão e Reino Unido”, afirmou a Ágora em nota enviada a clientes.
DESTAQUES
– VALE ON subia 1,73%, a 68,74 reais, depois que o contrato futuro do minério de ferro na bolsa de Dalian bateu nível psicológico chave de 900 iuanes (122,98 dólares) a tonelada métrica, impulsionado pela demanda sólida e pelo otimismo após a decisão da China de implementar estímulos fiscais. O minério de ferro para janeiro encerrou o dia com alta de 2,51%, a 900 iuanes a tonelada, o maior valor desde 3 de abril.
– PETROBRAS PN recuava 1,35%, a 34,96 reais, em dia de queda dos preços do petróleo no exterior, com o barril de Brent caindo 2,91%, a 87,85 dólares. O Conselho de Administração da companhia convocou os acionistas para se reunirem em Assembleia Geral Extraordinária no dia 30 de novembro para deliberar a proposta de reforma de Estatuto Social. Na ocasião, deverão deliberar sobre a proposta da Petrobras para a criação de uma reserva de remuneração do capital, além de alteração em regras sobre a indicação de membros da alta cúpula.
– USIMINAS PNA valorizava-se 4,65%, a 6,52 reais. O BTG Pactual sugeriu, em relatório, a cobertura de posições vendidas, citando preço das ações significativamente mais baixo, obras de manutenção bem encaminhadas, uma mudança no controle da gestão e melhor geração de fluxo de caixa livre.
– CCR ON tinha alta de 2,71%, a 12,13 reais, após o JPMorgan elevar a recomendação do papel para “overweight” ante “neutra”, com preço-alvo de 16 reais para o final de 2024 — de 15,5 reais para o final de 2023. Os analisas do banco mantiveram Ecorodovias com classificação “neutra”, mas o preço-alvo passou de 8,5 para 9 reais. ECORODOVIAS ON tinha alta de 0,14%, a 7,01 reais.
– NATURA&CO ON avançava 0,16%, a 12,51 reais, distante da máxima, quando chegou a 12,96 reais, após a fabricante de cosméticos anunciar mais cedo que firmou acordo de exclusividade com o Aurelius Investment Advisory Limited para uma potencial venda da The Body Shop (TBS). Na véspera, uma fonte familiarizada com as negociações disse à Reuters que, se concluído, a expectativa é de que o negócio avalie a rede a um valor inferior aos 400 milhões a 500 milhões de libras (485,20 milhões a 606,50 milhões de dólares) sugeridos na mídia.
– BRASKEM PNA cedia 4,22%, a 16,80 reais, após divulgar na última sexta-feira queda de 1% no volume de vendas de resinas no Brasil no terceiro trimestre contra um ano antes, para 884 mil toneladas. Na base trimestral, no entanto, houve avanço de 12%. A Braskem também divulgou que a taxa média de utilização de suas centrais petroquímicas no Brasil ficou em 68% no terceiro trimestre, queda de 10 pontos percentuais contra um ano antes e recuo de 4 p.p. frente ao segundo trimestre.
– CASAS BAHIA ON cedia 6,25%, a 0,45 real, enquanto MAGAZINE LUIZA ON recuava 4,11%, a 1,40 real, em meio ao avanço das taxas futuras de juros.
– ITAÚ UNIBANCO PN cedia 0,40%, a 27,19 reais, BRADESCO PN caía 1,11%, a 14,19 reais.
Fonte: Reuters