Vendas no varejo da zona do euro caem muito mais do que o esperado em agosto
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As vendas no varejo da zona do euro registraram uma queda expressiva em agosto, muito acima do que previam os analistas, indicando uma fraqueza crescente na demanda dos consumidores diante de uma inflação persistentemente elevada. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pelo Eurostat, o escritório de estatísticas da União Europeia, e acendem um alerta sobre a resistência do consumo privado em sustentar o crescimento econômico no bloco europeu.
Segundo o relatório, as vendas no varejo caíram 1,2% em agosto na comparação com o mês anterior, uma retração quatro vezes maior do que a previsão de economistas consultados pela Reuters, que estimavam uma baixa de apenas 0,3%. Na comparação anual, a queda foi de 2,1%, superando igualmente a expectativa do mercado, que previa uma retração de 1,2%.
O principal fator responsável por essa desaceleração nas vendas foi a forte redução no comércio eletrônico e nas compras por correio, que registraram queda de 4,5% no mês. Outro setor que influenciou negativamente foi o de combustíveis, com retração mensal de 3,0%. Já na comparação com agosto do ano anterior, a venda de combustíveis caiu 7,7%, refletindo tanto a menor mobilidade quanto o impacto contínuo de preços elevados nas bombas. O consumo de alimentos, bebidas e tabaco também recuou 3,2% na base anual.
O enfraquecimento do varejo ocorre em um contexto de inflação ainda elevada na região. Em agosto, a inflação da zona do euro foi de 5,3%, mais do que o dobro da meta oficial do Banco Central Europeu (BCE), que é de 2,0%. Esse patamar elevado de preços tem corroído o poder de compra das famílias, tornando o consumo mais contido e seletivo, especialmente em categorias não essenciais.
A combinação entre inflação elevada, juros mais altos e desaceleração da economia já começa a se refletir de forma mais clara nas estatísticas do consumo. Com os bancos centrais adotando políticas monetárias restritivas para conter a inflação — como o BCE, que realizou dez aumentos consecutivos na taxa de juros — o crédito mais caro tende a frear ainda mais o ímpeto de compra dos consumidores nos próximos meses.
O desempenho fraco do varejo reforça as preocupações sobre a sustentabilidade do crescimento econômico na zona do euro no segundo semestre de 2023. A atividade do setor de serviços também mostra sinais de enfraquecimento, e o setor industrial permanece pressionado. Neste cenário, a retração do consumo pode se tornar um fator determinante para a desaceleração mais ampla da economia europeia, pressionando ainda mais as autoridades monetárias e fiscais na busca por equilíbrio entre controle inflacionário e estímulo à atividade econômica.
Fonte: Reuters