Suprimentos de soja dos EUA caem para o nível mais baixo em 2 anos, diz governo
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Os estoques de soja dos Estados Unidos caíram para o nível mais baixo em dois anos, refletindo uma forte demanda por parte das indústrias de esmagamento, segundo dados divulgados na sexta-feira pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). De acordo com o relatório trimestral de estoques, os volumes armazenados no país somavam 268 milhões de bushels em 1º de setembro, número que representa uma queda em relação aos 274 milhões de bushels registrados no mesmo período do ano anterior.
Com esse resultado, os estoques de soja dos EUA atingem o menor patamar para essa época do ano desde 2021, evidenciando o ritmo acelerado de consumo interno, especialmente por parte das processadoras, que vêm operando em alta para atender à demanda por farelo e óleo de soja no mercado doméstico e internacional.
Apesar da redução, os números ficaram acima das expectativas do mercado. Uma pesquisa realizada pela Reuters com analistas indicava uma estimativa média de estoques em 242 milhões de bushels, ou seja, o resultado efetivo superou as previsões em cerca de 26 milhões de bushels. Isso sugere que a colheita anterior foi ligeiramente maior do que o esperado ou que parte da demanda projetada foi postergada.
O recuo nos estoques ocorre em um momento estratégico, no qual o mercado global monitora atentamente a transição entre a safra norte-americana e o início do plantio da safra sul-americana, com destaque para o Brasil. Com os Estados Unidos próximos de concluir sua colheita e o Brasil apenas começando o ciclo 2023/24, o nível reduzido de estoques norte-americanos pode gerar pressão nos preços de curto prazo, especialmente se houver qualquer revés climático na América do Sul.
Além disso, a forte demanda por esmagamento também está relacionada à crescente procura por biocombustíveis, com a soja sendo uma matéria-prima-chave para a produção de diesel renovável. Esse fator estrutural tem contribuído para sustentar a procura interna, mesmo diante de oscilações nas exportações.
Em um cenário de oferta mais ajustada e consumo firme, o mercado seguirá atento aos próximos relatórios de safra do USDA e às condições climáticas nos principais países produtores, já que qualquer surpresa pode impactar diretamente a formação de preços no mercado internacional da soja.
(Reportagem de Mark Weinraub e Julie Ingwersen)