Encomendas de bens duráveis nos EUA têm alta inesperada em agosto
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As encomendas de bens duráveis nos Estados Unidos surpreenderam positivamente em agosto, ao registrarem um crescimento inesperado, sinalizando uma possível recuperação nos investimentos das empresas, especialmente no setor de equipamentos. Esse resultado indica que, apesar das dificuldades enfrentadas no início do terceiro trimestre, os gastos corporativos podem estar voltando a ganhar fôlego, trazendo algum alívio para a economia norte-americana.
De acordo com o Departamento de Comércio, divulgado nesta quarta-feira, os pedidos de bens duráveis — que englobam uma ampla gama de produtos, desde eletrodomésticos como torradeiras até aeronaves, e que são projetados para durar três anos ou mais — apresentaram um aumento de 0,2% em agosto. Esse crescimento superou as expectativas do mercado, uma vez que economistas consultados pela Reuters previam uma queda de 0,5% para o mês.
Vale destacar que os dados de julho foram revisados para baixo. Anteriormente, havia sido divulgado um recuo de 5,2%, mas a revisão apontou que a queda foi, na verdade, de 5,6%, evidenciando uma retração mais acentuada do que se pensava inicialmente. Mesmo assim, o avanço registrado em agosto mostra que a demanda por bens duráveis pode estar começando a se estabilizar após esse forte declínio.
Um dos indicadores mais observados por analistas para medir os planos de investimento das empresas — os pedidos de bens de capital, excluindo os itens relacionados à defesa e aeronaves — teve um crescimento de 0,9% em agosto. Esse núcleo das encomendas é visto como um termômetro importante da confiança do setor privado. Em julho, esse indicador havia sido revisado para uma queda de 0,4%, em contraste com a leitura inicial de alta de 0,1%.
Ainda que o resultado de agosto tenha sido positivo, o setor de manufatura, que representa 11,1% do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA, continua enfrentando desafios relevantes. Um dos principais fatores que vêm afetando a indústria é o custo elevado dos empréstimos, consequência direta da política monetária adotada pelo Federal Reserve. Desde março de 2022, o banco central norte-americano elevou sua taxa de juros em 525 pontos-base, levando-a ao intervalo atual de 5,25% a 5,50%.
Essa alta nos juros tem o objetivo de conter a inflação, mas também impõe obstáculos ao consumo e aos investimentos produtivos. Ainda assim, os dados de agosto sugerem que, apesar da pressão das taxas mais altas, algumas empresas seguem dispostas a investir, o que pode representar um sinal de resiliência em meio às incertezas econômicas.
(Reportagem de Lucia Mutikani)