Valorização surpreende e dólar ruma para um fechamento superior a R$ 5; conheça os fatores e expectativas
Durante a quarta-feira, o dólar demonstrou uma notável ascensão, superando o marco de R$ 5 no período da manhã e mantendo seu ritmo crescente no decorrer do dia.
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Este aumento está ligado à crescente cautela global e à percepção de que taxas de juro mais altas perdurarão nas principais economias, principalmente nos Estados Unidos.
Por volta das 15h40, horário de Brasília, a moeda americana apresentava um aumento de 1,38%, sendo negociada por R$ 5,055.
Interessante notar que esta é a primeira vez, desde agosto, que o dólar supera essa cotação intradia. A última vez que fechou acima desse valor foi em junho.
Preocupações Externas Refletem na Valorização
A escalada da moeda foi impulsionada pela valorização dos títulos do Tesouro americano e pela crescente inquietação quanto a uma possível interrupção parcial das atividades governamentais nos EUA.
Kevin McCarthy, o líder da Câmara dos EUA, recentemente declinou um projeto de financiamento emergencial, gerando tensões em Washington.
O cenário norte-americano se complica ainda mais com o temor de taxas de juros elevadas e com a instabilidade no setor imobiliário chinês.
Fatores Técnicos em Jogo
Segundo especialistas, a dinâmica do dólar também foi influenciada por aspectos técnicos. Ao ultrapassar os R$ 5, possivelmente disparou-se uma série de ordens de “stop loss”.
“É o ‘stop’ que bate, e nesta semana já começou o movimento da Ptax; o pessoal que está comprado (em dólar) vai aproveitar esse movimento”, disse Hideaki Iha, especialista em câmbio da Fair Corretora. A Ptax é uma taxa de referência definida pelo Banco Central, usada na liquidação de contratos futuros.
Razões da Alta: Perspectivas e Desafios Domésticos
Alexandre Espirito Santo, renomado economista da Órama, destaca que o crescimento da moeda americana se deve a dois fatores:
“A alta do dólar está refletindo duas conjunturas momentâneas muito desfavoráveis: 1) percepção de que os juros americanos ficarão elevados por longo tempo, o que favorece a moeda americana e 2) ruídos domésticos relacionados ao lado fiscal, com a questão dos precatórios e o impacto sobre as contas públicas.”
Ele ainda menciona o receio do mercado em relação à capacidade do governo de alcançar o equilíbrio fiscal prometido para o próximo ano.
André Perfeito, outro economista renomado, projeta que o dólar permanecerá nesse nível até o final de 2023.
Posição do Banco Central Brasileiro
Um relatório do Citi pontuou que as declarações recentes de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, não tiveram grande impacto no mercado.
“O otimismo do presidente do BC de que a política fiscal não interferirá no processo de desinflação levantou questões, mas não fez preço”, destacou o documento. Esta reação morna pode estar ligada às expectativas já consolidadas sobre a postura do BC.
Cenário Internacional e o Futuro da Moeda Americana
O comportamento do dólar também segue uma tendência global. Após indicações do Federal Reserve de manter taxas de juro elevadas para combater a inflação, a moeda americana ganhou força contra outras moedas fortes.
Recentemente, o Fed manteve sua taxa básica, mas há previsões de um aumento de 0,25 ponto percentual ainda este ano. Com os EUA demonstrando uma economia robusta, isso desafia as perspectivas de controle inflacionário.