Justiça determina pagamento de R$ 1 bi à Uber por danos e obriga registro de motoristas como CLT
A Uber, gigante dos aplicativos de transporte, enfrenta uma decisão judicial marcante no Brasil. O juiz do Trabalho Maurício Pereira Simões, da 4ª Vara do Trabalho de São Paulo, determinou que a empresa pague a impressionante quantia de R$ 1 bilhão em danos morais coletivos.
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Além disso, a Uber foi obrigada a registrar todos os seus motoristas sob as leis trabalhistas da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Essa sentença representa um importante precedente, embora ainda esteja sujeita a recursos judiciais.
Uma Decisão Histórica para o Ministério Público do Trabalho
Este é o primeiro veredito favorável ao Ministério Público do Trabalho (MPT) em uma série de ações que buscam o reconhecimento do vínculo empregatício de motoristas e entregadores que atuam em aplicativos de transporte.
Até o momento, outras decisões negaram o vínculo empregatício para empresas como Lalamove e 99.
Origem da Ação Civil Pública
A ação civil pública foi iniciada pelo Ministério Público do Trabalho, especificamente pela Procuradoria Regional do Trabalho da 2ª Região (São Paulo).
O MPT baseou sua denúncia em reclamações recebidas da Associação dos Motoristas Autônomos de Aplicativos (AMAA) sobre as condições de trabalho dos motoristas.
De acordo com o MPT, a Uber mantém um vínculo empregatício com esses motoristas, o que precisa ser oficialmente reconhecido.
A Uber e a Acusação de Comportamento Doloso
O juiz do Trabalho, Maurício Pereira Simões, destacou que a Uber agiu de forma dolosa em sua relação com os motoristas, sonegando direitos mínimos.
Ele argumentou que a empresa não apenas agiu com negligência, imprudência ou imperícia, mas também planejou suas ações de forma a evitar o cumprimento das leis trabalhistas, previdenciárias e de saúde. A decisão enfatiza que a Uber tinha a obrigação constitucional e legal de observar essas normas.
Riscos para a Empresa
A sentença impôs uma multa diária de R$ 10 mil para cada motorista não registrado e exigiu que a contratação de novos profissionais siga o mesmo formato.
A Uber também deve cumprir essa decisão de maneira escalonada, registrando gradualmente seus motoristas. O prazo para cumprimento é de seis meses após o trânsito em julgado da ação, quando não caberá mais recurso.
A Importância da Decisão
A decisão do juiz Simões é considerada de grande importância para o debate sobre as relações de trabalho em plataformas digitais.
O procurador geral do Trabalho, José de Lima Ramos, ressalta que esta é uma das maiores condenações em primeira instância na história da Justiça do Trabalho no Brasil. Ele enfatiza que a análise jurídica foi complexa e envolveu uma extensa coleta de dados.
Uber: Omissões e Responsabilidades
Na sentença, o juiz destaca que a Uber se omitiu em estabelecer um mínimo de segurança financeira, saúde, segurança pública e atribuição de direitos básicos para os motoristas.
A decisão ressalta a importância de respeitar a dignidade da pessoa humana e o valor social do trabalho em todos os contratos de trabalho.