A indústria eólica britânica offshore enfrenta desafios financeiros

O futuro da energia eólica offshore no Reino Unido está em jogo. Um recente leilão de construção de parques eólicos revelou preocupações alarmantes sobre a trajetória da energia limpa no país. Com um forte histórico em promover a energia renovável, o Reino Unido agora enfrenta uma encruzilhada crítica.

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A indústria eólica britânica offshore enfrenta desafios financeiros. (Foto: reprodução/internet)

Repercussões do leilão: A inesperada falta de ofertas

Contrariando as expectativas, o leilão não recebeu propostas de desenvolvedores, algo inédito em quase uma década. Estas turbinas, que prometem um “preço mínimo” garantido, deveriam ser atrativas para os empresários.

No entanto, as empresas afirmam que esses incentivos precisam ser mais robustos, caso contrário, a visão de um Reino Unido alimentado pelo vento pode desvanecer-se.

Política e meio ambiente: O equilíbrio frágil

No cenário político, Rishi Sunak, o atual líder britânico, se encontra em uma situação complicada. O desafio agora é equilibrar os gastos públicos com a necessidade de promover energias limpas.

Afinal, com eleições se aproximando em 2025, qualquer decisão tomada agora terá ramificações políticas.

A opinião pública tem um papel fundamental nesse contexto. Muitos cidadãos britânicos, ainda lidando com repercussões econômicas, observam com cautela as possíveis implicações financeiras desses incentivos.

A preocupação com a possibilidade de as empresas de energia serem as únicas beneficiárias é tangível. Contudo, falhar na indústria eólica, que é vista como um trunfo no Reino Unido, poderia ser devastador para Sunak.

Conforme Simon Virley da KPMG observou, é “um grande revés num momento crítico em que deveríamos procurar acelerar as energias renováveis”.

Liderança global em energia eólica em risco

Apesar do Reino Unido ser reconhecido como o segundo maior mercado de energia eólica offshore, logo atrás da China, essa posição pode estar ameaçada. Com custos crescentes e desafios de inflação, a trajetória descendente dos custos pode estagnar.

Ainda que o país tenha um objetivo ambicioso de 50 gigawatts de energia até 2030, as projeções atuais mostram que eles podem alcançar apenas cerca de um terço dessa meta, segundo estimativas da BloombergNEF.

A urgência de medidas pró-ativas

Ashutosh Padelkar, um especialista da Aurora Energy Research, ressaltou a urgência do assunto. Para que o Reino Unido alcance suas metas, é fundamental que os próximos leilões sejam bem-sucedidos.

O revés recente em um leilão crucial sugere um ano desfavorável para a energia eólica offshore.

E os desafios não param por aí. Empresas, como a Vattenfall AB, já estão pausando projetos devido a custos elevados, com alguns projetos vendo aumentos de até 40%.

Meta ambiciosa e a necessidade de ação

A intenção do Reino Unido de ter uma rede elétrica neutra em carbono até 2035 é louvável. No entanto, especialistas, como Tom Glover da RWE AG, são céticos quanto à viabilidade dessa meta sem uma intervenção mais decisiva.

Para que a transição para energias limpas seja bem-sucedida, é necessário um compromisso firme.

Segundo o Departamento de Segurança Energética e Net Zero, embora estejam comprometidos com as energias renováveis, reconhecem a necessidade de revisar suas estratégias.

Olhando para o futuro: A solução está no equilíbrio

O mecanismo atual de leilão, o Contrato por Diferença, busca oferecer um preço estável para a produção de energia. Isso é vital, considerando a natureza capital-intensiva da energia eólica offshore.

Uma alternativa emergente é a colaboração entre desenvolvedores e grandes empresas, como fabricantes ou centros de dados, para estabilizar as receitas. No entanto, essa opção carrega riscos devido à volatilidade do mercado.

Eirik Hogner, da Clean Energy Transition LLP, foi direto: “A correção é extremamente fácil e rápida; refazer o leilão e deixar o mercado definir os preços.”

Espera...