Aversão ao Risco Global e Redução da Selic Impulsionam o Dólar a Quase R$ 4,90
Na quinta reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) tomou uma decisão impactante sobre a Selic, gerando uma forte reação no mercado cambial. Vejamos os detalhes.
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O Dólar e o Corte na Taxa de Juros
O dólar registrou uma sessão de expressiva alta em relação ao real nesta quinta-feira (3), após o corte da Selic acima do esperado por boa parte do mercado na véspera.
Na reunião concluída ontem, a quinta de 2023, a autoridade cortou a taxa de juros básica em 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano.
Fechamento do Dólar
A divisa americana comercial fechou com avanço de 1,94%, a R$ 4,898 na compra e R$ 4,899 na venda, chegando a R$ 4,90 na máxima do dia.
Impacto nos Juros e “Carry Trade”
O nível dos juros é apontado como um apoio para o real ao torná-lo mais atraente para estratégias de “carry trade”, que buscam lucrar com diferenciais de custos de empréstimo entre economias.
Opiniões Divergentes no Mercado
No entanto, alguns participantes do mercado argumentam que, mesmo após o início do afrouxamento da política monetária do BC, a Selic seguirá em nível restritivo, dando suporte à moeda brasileira, ao mesmo tempo que prevalece uma visão mais otimista sobre a conjuntura doméstica.
Soma-se a visão de que o corte de juros pelo Copom favorece a entrada de fluxo estrangeiro em renda variável por aqui, o que poderia compensar a menor atratividade do carry trade.
Observações de Especialistas
Além disso, conforme apontou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho, disse à Reuters, “o impacto no mercado de câmbio acaba sendo um pouco limitado pela forte sinalização que o BC deu de que não pretende acelerar o ritmo de cortes”, ao mesmo tempo que parte do risco de um corte menos parcimonioso da Selic já havia sido precificado pelos operadores.
Preocupações com Pressões Políticas
Outro fator possivelmente por trás da forte alta do dólar citado por participantes do mercado é uma preocupação com a possibilidade de que a postura monetária mais branda do Copom reflita, de alguma forma, a pressão política exercida desde o início do ano pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com um coro de autoridades cobrando cortes da Selic.
“O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, teve uma mudança bastante significativa de postura em relação à última decisão do Copom, quando houve unanimidade entre os diretores para que se mantivesse estável a taxa Selic em um comunicado duro, sem sequer citar a possibilidade de reduções futuras da taxa de juros”, disse Leonel Oliveira Mattos, analista de inteligência de mercados da StoneX.