Dólar Abaixo de R$ 5: Um Sinal de Recuperação Econômica ou uma Bolha Esperando para Estourar?
Desde o início de 2023, o dólar tem enfrentado uma série de solavancos na sua cotação em relação ao Real. Até o momento, a moeda americana sofreu uma baixa de 10,5%, chegando a R$ 4,7299.
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Entre os fatores que contribuíram para essa queda estão o otimismo com indicadores econômicos, ratings melhores, fluxo de investimento positivo e novidades na agenda política.
No entanto, o futuro ainda é incerto, com analistas divergindo sobre as perspectivas para o câmbio no segundo semestre.
Projeções Bancárias e a Visão do Itaú
Os analistas observam atentamente os movimentos do Federal Reserve (Fed) e a agenda do Governo Federal. Em relação a isso, o Itaú, um dos principais bancos do país, projeta um aumento na cotação do dólar até o fim do ano, prevendo R$ 5 para 2023.
Mario Mesquita, Economista-Chefe da casa, destaca que “o cenário externo continua beneficiando moedas de carrego, mas o início de cortes de juros bem como o maior aperto nos juros EUA devem trazer alguma desvalorização para o real ao longo do segundo semestre do ano.”
Influências Domésticas: Ratings, Reformas e Política
O mercado também tem sido influenciado positivamente por movimentos relacionados aos ratings de agências de risco.
Mario Mesquita chama a atenção para o fato de que “o prêmio de risco doméstico tem mantido uma tendência de queda na margem após o anúncio de perspectiva positiva do rating soberano pela Standard & Poor’s (S&P) e da manutenção da meta de inflação em 3% com intervalo de tolerância em 1,5 p.p”.
Além disso, o relacionamento entre o Banco Central e o Planalto e o cenário fiscal têm mostrado sinais de melhora. Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, aponta:
“Um ponto que é relevante é a redução das incertezas com relação ao governo e ao rumo fiscal. Vemos a aprovação do arcabouço, as falas do Haddad com teor de mais preocupação com equilíbrio fiscal.
Além disso, o Congresso tem se oposto ao governo em temas importantes, como marco do saneamento, autonomia do BC, privatização. Isso contribuiu muito”.
Cenário Internacional e a Influência do Fed
O cenário internacional é considerado um catalisador relevante, e o diferencial de juros entre Brasil e EUA é visto como um ponto chave para a cotação do dólar em 2023.
BTG Pactual destaca que “no curto prazo, estaremos focados no cenário internacional devido à incerteza em relação ao término do ciclo de alta de juros nos Estados Unidos.
A agenda política doméstica precisará continuar avançando para equilibrar a redução do diferencial de juros entre o Brasil e os EUA e permitir uma taxa de câmbio próxima a R$4,80 até o final deste ano”.
A Decisão Recente do Fed
Recentemente, o Fed tomou a decisão de elevar os juros em 0,25 ponto percentual (p.p.) para a faixa de 5,25% a 5,5%. Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, interpretou a decisão como ‘menos hawkish’ e observou:
“O comunicado foi bem em aberto, o que eu interpreto como uma intenção do Fed de parar o ciclo de alta. Parece que eles estão bem dispostos a cessar o ciclo”.