Cubanos vão às urnas e comparecimento dos eleitores ocupa centro das atenções
Neste domingo, os cubanos iniciaram o processo de votação para eleger os 470 legisladores que comporão a Assembleia Nacional do país. A eleição é vista como um referendo sobre o governo comunista, em meio à crise econômica, e está sendo observada atentamente.
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Os locais de votação abriram cedo em Havana e os cidadãos se aglomeraram para votar em mais de 23 mil urnas espalhadas pelo país. O governo de Cuba incentivou a população a votar em conjunto como uma demonstração de apoio à liderança comunista, em meio à escassez, inflação e agitação social.
Nas últimas semanas, forças antigovernamentais, principalmente aquelas localizadas fora do país, que restringe o discurso político dissidente, encorajaram a abstenção e rotularam a eleição como uma “farsa”. Apesar disso, os locais de votação, que somam mais de 23 mil urnas oficiais, abriram às 7h no horário local (8h no horário de Brasília) e encerraram às 18h (19h em Brasília).
O governo de Cuba incentivou a união da população na votação, convocando os cidadãos a votarem juntos em uma ampla demonstração de apoio à liderança comunista.
Alguns cubanos, como o ferreiro Carlos Diego Herrera, afirmaram que votaram pelo voto unido, para não dar seu voto aos abstencionistas que querem “esmagar” o país. Já a estudante de arquitetura Rachel Vega, de 19 anos, afirmou que votou para “dar um passo à frente agora” e contribuir “para melhorar a situação do país“.
Os cubanos que foram às urnas neste domingo (20) encontraram duas opções na cédula: o nome de cada candidato de seu distrito ou a opção de votar “por todos“, o que implica apoiar os 470 legisladores que representarão o país na Assembleia Nacional.
O “voto por todos” é um sufrágio unificado que reafirma o “socialismo” e a “revolução”, segundo as autoridades. A votação não é obrigatória e os partidos de oposição são proibidos em Cuba. Forças antigovernamentais, principalmente fora do país que restringe o discurso político dissidente, pediram aos cubanos que se abstivessem e rotularam a eleição como uma “farsa”.
A votação ocorre em um momento em que Cuba enfrenta a pior crise econômica em três décadas, com inflação galopante, uma onda migratória sem precedentes, causada pelos efeitos da pandemia e do embargo econômico dos Estados Unidos, além de fragilidades estruturais do país.
As eleições legislativas fazem parte de um processo que culminará este ano com a eleição do presidente da República, na qual o atual presidente, Miguel Díaz-Canel, poderá ser reeleito.
A participação eleitoral nas eleições em Cuba tem caído nos últimos anos, chegando aos níveis mais baixos desde a entrada em vigor do atual sistema eleitoral em 1976.
Nas eleições municipais de novembro, a abstenção foi de 68,5%. Enquanto isso, os candidatos, liderados pelo presidente Miguel Díaz-Canel, realizaram uma intensa campanha de proselitismo nas últimas semanas para ouvir as demandas da população. Sem partidos de oposição autorizados, os apelos à abstenção concentram-se nas redes sociais.